|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO
PC do B apóia PFL no Maranhão; adversários históricos dividem palanques em Minas, Paraná e Sergipe
Alianças estaduais viram salada ideológica
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local
As alianças
entre os partidos políticos para as eleições estaduais viraram
uma autêntica
sopa de letrinhas. Na montagem dos palanques nos Estados,
as diferenças ideológicas entre as
legendas de esquerda e de direita
ficaram em segundo plano. Valeu
mesmo o pragmatismo.
Em muitos Estados, adversários
políticos que até ontem se xingavam estão agora do mesmo lado.
Partidos de esquerda que ainda
acreditam no triunfo do socialismo, como o PC do B, vão subir no
palanque do PFL. E até o PT, conhecido por sua resistência em fazer alianças amplas, aderiu à heterodoxia, coligando-se com o
PSDB no Acre e no Piauí.
Uma das alianças mais inusitadas é a de Minas, onde o ex-presidente Itamar Franco (PMDB) e
seu tradicional desafeto político
Newton Cardoso (PMDB) estão na
mesma chapa para concorrer ao
governo estadual.
Na disputa eleitoral de 86, Itamar e Newton eram adversários.
Em uma campanha acirrada, o
ex-presidente foi chamado de
"homossexual" pelos partidários
de Newton. Os cabos eleitorais de
Itamar devolviam rotulando o
concorrente de "estuprador".
O caso de Sergipe também é emblemático. O peemedebista Jackson Barreto, que sempre esteve
alinhado com as esquerdas e era
um adversário histórico do governador Albano Franco (PSDB),
agora está com o tucano. Na chapa
de Franco, ainda cabe o PPS do
ex-tucano rebelde Ciro Gomes.
Além das alianças com o PSDB
em alguns lugares, o PPS se coligou também com os petistas em
sete Estados, entre eles, em São
Paulo, onde vai apoiar a candidatura de Marta Suplicy ao governo.
Mas o acordo se restringe à esfera estadual. Ciro Gomes e Luiz
Inácio Lula da Silva terão palanques diferentes no Estado.
Amazonas
A salada ideológica é mais evidente no Norte e no Nordeste. No
Amazonas, dois arquiinimigos estão na mesma coligação. Por imposição do Planalto, o secretário-geral do PSDB, deputado Arthur Virgílio, vai estar do lado do
governador Amazonino Mendes
(PFL), que tenta a reeleição.
Virgílio apoiava Serafim Corrêa
(PSB), que reunia em torno de sua
candidatura ao governo todos os
partidos de esquerda, inclusive o
PT. Com as mudanças, Corrêa desistiu e virou vice de Eduardo Braga (PSL), que, até um ano atrás,
era pupilo de Amazonino.
"Eu não vou pedir votos para o
Amazonino. Quando o presidente
Fernando Henrique for ao Amazonas, haverá dois eventos: um
com o governador e outro com o
PSDB", garante Virgílio.
Braga, que já foi do PPB, diz que
vai pedir votos para Lula, mas como o PPS faz parte de sua coligação, afirma que haverá espaço
também para Ciro em seu palanque. "Foram eles que montaram
uma aliança frankenstein. Arthur
e Amazonino são como água e vinho", compara.
Maranhão
O eleitor que acreditava na divisão entre esquerda e direita pode
esquecer esses conceitos no Maranhão. Lá, as eleições são polarizadas entre o grupo do ex-presidente José Sarney e a oposição.
O PDT, o PSB, o PPS e o PSDB
estarão no palanque do senador
Epitácio Cafeteira (PPB).
O PC do B, que participa do governo de Roseana Sarney (PFL),
vai apoiá-la.
"No Maranhão, não tem direita,
esquerda e centro. Tem um grupo
que está no poder há 33 anos e
aqueles que querem ter um suspiro", explica o deputado Sebastião
Madeira (PSDB-MA).
Paraná
O governador do Paraná, Jaime
Lerner, que agora é do PFL, mas já
foi do PDT, tem em seu palanque
o PSB, partido que participa de
seu governo. Por obra do Planalto,
o tucano Álvaro Dias deve apoiar
Lerner, seu adversário político de
longa data. Do lado oposto, o senador Roberto Requião (PMDB)
fez aliança com o PT.
O PSB do governador Miguel
Arraes (PE) também está junto
com o PFL no Rio Grande do Norte, onde as eleições estaduais são
sempre uma disputa entre duas famílias: Maia e Alves.
O senador Agripino Maia (PFL),
candidato ao governo, tem o
apoio da prefeita de Natal, Wilma
de Faria (PSB), que já foi casada
com o ex-governador Lavoisier
Maia. O governador Garibaldi Alves (PMDB) costurou uma aliança
insólita: em seu palanque estarão
juntos o PPS e o PPB.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|