São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSIÇÃO NO ESCURO

Crise na economia eleva temperatura da sucessão


Mercadante, do PT, afirma que país não vai resistir até a eleição

Serra associa subida do dólar a Ciro; Tasso condena "terrorismo"



DA REDAÇÃO

Em mais um dia de nervosismo no mercado financeiro e escalada da cotação do dólar, o debate da sucessão presidencial atingiu uma temperatura inédita, incorporando as expectativas explosivas a respeito da economia. Economistas ligados a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Ciro Gomes (PPS) avaliam que a crise estoura antes de outubro, conforme relata abaixo Clóvis Rossi.
"O Brasil não chega até a eleição", diz Aloizio Mercadante, do PT, numa alusão ao endividamento em dólar das empresas. Segundo Maurício Dias David, economista ligado a Ciro, "a situação é gravíssima, e esconder isso não resolve". O PT, no entanto, por meio de outro de seus economistas, Guido Mantega, admitiu pela primeira vez discutir um acordo com o FMI, desde que chamado pelo presidente da República.
Fernando Henrique Cardoso rejeita a hipótese de que a crise econômica contamine mais gravemente o cenário político e a sucessão, desembocando em alguma ruptura institucional. O risco de uma "alfonsinização" do governo FHC diante da gravidade da situação foi levantado anteontem pelo líder do PPS na Câmara, deputado João Herrmann. Em 1989, o presidente argentino Raúl Alfonsín entregou o cargo ao sucessor Carlos Menem cinco meses antes da data prevista.
Num dia marcado por trocas de acusações entre os candidatos, José Serra, do PSDB, subiu o tom contra Ciro. "Toda vez que ele [Ciro] abre a boca, o dólar sobre e uma fábrica fecha", disse. O tucano Tasso Jereissati, por sua vez, após ter visitado FHC na noite de anteontem, saiu em defesa de Ciro, identificando um "terrorismo que lembra 64" para associá-lo ao caos.



Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: PT e PPS vêem situação gravíssima
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.