São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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TRANSIÇÃO NO ESCURO

Em nota oficial, candidato do PPS responde que tucanos tentam transferir a culpa pela crise econômica

Ciro abre a boca e o dólar sobe, diz Serra

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No mais duro ataque a Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB), o presidenciável José Serra (PSDB/PMDB) acusou ontem o candidato da Frente Trabalhista de ser irresponsável e despreparado, ter sido partidário da ditadura militar, não entender de economia e estar contribuindo para agravar a crise econômica do país.
""Toda vez que ele [Ciro" abre a boca, o dólar sobe e uma fábrica fecha", disse Serra. Para o tucano, o presidenciável do PPS está ""assustando" os investidores com suas recentes declarações, como criticar um novo acordo do governo brasileiro com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e dizer que irá mudar as regras das contas CC-5, caso seja eleito.
Por meio das contas CC-5, empresas multinacionais e brasileiras e pessoas físicas com interesses no exterior podem transferir dinheiro para fora do país.
""Ele [Ciro" está jogando no "quanto pior, melhor", com a intenção de faturar eleitoralmente. É uma ação irresponsável, de alguém que já está prejudicando o Brasil", disse.
Serra fez autopropaganda e afirmou que mudanças ""irresponsáveis" poderiam levar o Brasil à mesma crise argentina.
""O que o Brasil precisa é assegurar sua segurança econômica e ter tranquilidade para voltar a crescer o emprego. Eu tenho experiência e preparo para isso. Já vivi na vida muitas situações difíceis. Enquanto outros eram partidários da ditadura militar, eu lutava contra a ditadura", afirmou.
À tarde, em reunião do conselho político da campanha, os tucanos repetiram o discurso. ""Ele [Ciro" joga gasolina no fogo", disse o líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior (BA).
O PMDB também cobrou mais firmeza em relação a Ciro. "Não é possível que não se tenha condição de perguntar ao Ciro se ele ainda acha o ACM o próprio galinheiro", disse Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
Geddel referia-se a uma discussão ocorrida entre o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o atual candidato do PPS, na qual ACM disse que Ciro era mais sujo que pau de galinheiro, e esse respondeu afirmando que o pefelista era o próprio galinheiro.
As críticas de Serra foram ditas no Distrito Federal, durante visita a um restaurante comunitário da cidade-satélite de Samambaia. Serra e a candidata a vice em sua chapa, a deputada Rita Camata (PMDB), foram levados para almoçar no local pelo governador Joaquim Roriz (PMDB).
Inaugurado por Roriz, o restaurante fornece, em média, 2.200 refeições por dia. O usuário paga R$ 1 e o Governo do Distrito Federal subsidia R$ 1,57 por refeição.
A presença dos candidatos e do governador (cujas refeições foram pagas antecipadamente por um assessor de Roriz, segundo responsáveis pelo restaurante) tumultuou o local, que tem na entrada a seguinte faixa afixada: ""É proibida a manifestação política no interior do restaurante".

Resposta
Após tomar conhecimento das declarações de Serra, Ciro respondeu por meio de uma nota que a crise do país é consequência da política do governo FHC. Segundo o candidato do PPS, "o limite da responsabilidade já foi superado" e as afirmações de Serra são "uma tentativa desesperada de atribuir a outros a própria culpa".


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