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Base aliada não vota lei e atrasa previdenciária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A falta de coesão da base aliada,
somada a trapalhadas da articulação política do Planalto, impediu
ontem a votação da nova Lei de
Falências, considerada prioritária
pela equipe econômica, e levou os
governistas a considerarem "improvável" votar a reforma da Previdência na próxima quarta.
Se o governo conseguir que a
Lei de Falências seja votada na
próxima sessão da Câmara, na
terça, o começo da discussão em
plenário da reforma será adiado
para quarta -e a votação seria
então marcada para a quinta, dia
inadequado pela falta de quórum.
Nas palavras de Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo, tornou-se "muito improvável" a votação da reforma da
Previdência na próxima semana.
O cronograma mais realista é iniciar as discussões na quarta e votar na semana seguinte: quinta-feira, disse, "não é dia para votar
emenda constitucional".
O atraso ganhou forma ontem
com a tentativa de votação da Lei
de Falências, que tem entre seus
objetivos elevar a proteção ao sistema financeiro e desperta resistências em setores do PT, do PPS e
do PDT. O próprio relator, Osvaldo Biolchi (PMDB-RS), se recusa
a acatar várias modificações pedidas pelo governo.
Para contornar o problema, os
governistas articularam um acordo de líderes partidários, incluindo os oposicionistas PFL e PSDB,
para aprovar o projeto em votação simbólica. A estratégia, porém, fracassou, e a votação foi remarcada para a próxima semana.
Logo cedo, o governo foi surpreendido por uma alteração de
última hora no relatório de Biolchi, sugerida por dois petistas: tirar a preferência dos bancos no
recebimento, em caso de falências, da modalidade de crédito à
exportação chamada Adiantamento de Contratos de Câmbio.
Mais: para assegurar o apoio do
PFL, teve de entregar ao partido a
relatoria de um projeto que adapta o CTN (Código Tributário Nacional) à nova Lei de Falências e
concordar em só votar a segunda
depois de votado o primeiro.
Embora soubesse há semanas
da necessidade de alterar o CTN
para viabilizar a Lei de Falências,
o Planalto só enviou o projeto ao
Congresso anteontem -e se esqueceu de incluir artigos importantes, que tiveram de ser acrescentados ontem às pressas.
Quando finalmente havia condições para a votação dos dois
projetos, o PSDB anunciou que
desconhecia o acordo de líderes e
pediu verificação de quórum. O
número de presenças chegou a
280, o que não dava segurança ao
governo para aprovar os projetos.
(GUSTAVO PATÚ)
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