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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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REFORMA SOB PRESSÃO

"Não há sentido em, a cada mudança, chamar os governadores para opinar", afirma tucano

Aécio diz que não discute mais Previdência

Cristiano Machado/"Hoje em Dia"
O governador de MG, Aécio Neves, no Conselho de Defesa Social


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), afirmou ontem que os governadores não debaterão mais com o governo a reforma da Previdência. A questão agora é com o Congresso. Por isso, partiu dos governadores a decisão de não atender à convocação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a reunião convocada para ontem.
Agora, eles aguardam apenas a reunião com Lula para a próxima segunda-feira, quando pretendem ter também a reunião derradeira com o governo sobre a reforma tributária. E, nesse caso, a decisão é a mesma, avisou Aécio: sendo ou não favorável aos Estados a posição final do governo, a conversa depois será com o Congresso, cabendo aos governadores "definir qual ação" tomar.
"Acredito que o Congresso saberá fazer a reforma adequada, mesmo que não seja exatamente aquela proposta pelos governadores. Nós apenas decidimos que não há sentido em, a cada mudança ou a cada recuo, chamar os governadores para opinar. Que cada um, a partir de agora, assuma a sua responsabilidade."
Essa posição dos governadores já estava tomada anteontem, quando, por volta das 20h, chegou a convocação do Planalto. Ninguém gostou da forma como isso ocorreu. A avaliação dos governadores é de que o governo federal deu o sinal verde para mais um recuo e, depois, quis obter o aval dos Estados.
Sem o governo federal, alguns governadores estão decididos a não comprar briga com o Judiciário. Por isso, colocam agora a questão para o Congresso decidir.
A comunicação de que os governadores não iriam a Brasília ocorreu na manhã de ontem, quando o ministro José Dirceu (Casa Civil) e Aécio conversaram por telefone. Dirceu, segundo Aécio, compreendeu o motivo.
Agora eles vão se "resguardar" para a reforma tributária. Os Estados não abrem mão de garantir maior participação no bolo tributário que está sendo redefinido.

Ferida de morte
Questionado pela Agência Folha sobre se o governo recuou além do previsto, Aécio disse que não gostaria de ser objetivo nessa análise, mas opinou: "O que percebo é que, em determinados momentos, há uma descoordenação entre os compromissos assumidos nas reuniões com os governadores e a ação da base do governo no Congresso". Ele reiterou, no entanto, serem legítimas e merecedoras de respeito as alterações que o Congresso fizer.
"Não acredito que esteja, com essas negociações, ferida de morte a [reforma] da Previdência. Pode ser que os efeitos acabem sendo menores do que gostaríamos, mas continuarão sendo efeitos positivos", acrescentou.
A Agência Folha não conseguiu ouvir os outros quatro governadores que representam as regiões do país nas discussões -Eduardo Braga (PPS-AM), Germano Rigotto (PMDB-RS), Lúcio Alcântara (PSDB-CE) e Marconi Perillo (PSDB-GO).


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