São Paulo, sábado, 1 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corretoras também ganharam, às vezes só para enviar envelopes
Bolsa leva R$ 5,5 milhões pelo leilão do Sistema Telebrás

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
enviada especial ao Rio

A Bolsa de Valores do Rio ganhou R$ 5,5 milhões por ter abrigado o leilão das 12 holdings do Sistema Telebrás. O valor equivale à metade de tudo o que a instituição já havia arrecadado com os 86 leilões que realizou desde 1991. O pagamento da Bolsa e da CLC (Câmara de Liquidação e Custódia) é 0,025% do valor leiloado, que anteontem chegou a R$ 22,059 bilhões. Sendo assim, cada uma recebeu em torno de R$ 5,5 milhões. A Bolsa do Rio ficou com a totalidade do faturamento porque todas as corretoras que representaram os consórcios eram do Rio. Se alguma delas fosse de outro mercado, o paulista por exemplo, a cota do leilão representado por outra corretora iria para a Bolsa de São Paulo. Para a Bolsa do Rio, a cifra representa o faturamento de dois meses de operações. "Foi um sucesso", resume o presidente da Bolsa do Rio, Carlos Reis. Não foi apenas a Bolsa do Rio que teve um ganho imediato com o leilão de quarta-feira. Um grupo seleto de corretoras também ganhou -e muito- com as vendas. No leilão, os lances são apresentados pelas corretoras porque esse é um serviço exclusivo delas, segundo as normas das Bolsas. Em muitos casos, o trabalho delas se resumiu a levar os envelopes com as propostas para o leiloeiro. Em outros, as corretoras faziam parte de conglomerados financeiros que também prestaram outros serviços para os consórcios, como consultoria financeira e mesmo obtenção de créditos para a compra. As corretoras ganham uma comissão pelo seu trabalho. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) criou há muitos anos uma tabela de comissões, variando de 0,5% a 2% do valor da operação. Atualmente, essa comissão é negociada entre as partes. Mesmo que tenha se reduzido a 0,1% do valor, o negócio trouxe um ganho expressivo para as corretoras que representaram os grupos vencedores, já que o volume de dinheiro foi muito elevado e, em muitos casos, tudo o que tiveram que fazer foi apresentar os envelopes ao leiloeiro. Foram 23 as corretoras inscritas para participar da venda, mas algumas não chegaram a apresentar seus lances porque os consórcios que representavam desistiram, como foi o caso da Safra Corretora, que atuaria em nome da Bell South, operadora de telefonia americana.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.