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Venda da Embratel
não afeta militares
da Sucursal de Brasília
A privatização das telecomunicações não muda nada para as
Forças Armadas. "Nem em questões de segurança nacional nem
do ponto de vista dos contratos
comerciais", afirma o Centro de
Comunicação Social do Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas).
O contrato da Anatel (agência
fiscalizadora dos serviços de telecomunicações) com a Embratel,
que terá de ser assumido pela
compradora da empresa no processo de privatização, tem cláusulas especiais que privilegiam os órgãos de segurança.
Estatizada ou privatizada, a Embratel tem de considerar "clientes
especiais" a infra-estrutura a serviço da Presidência da República,
o Emfa, os três ministérios militares (Exército, Marinha e Aeronáutica), o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, as Polícias Militares e
os Bombeiros.
"Os canais da Embratel ou de
uma telefônica são apenas o meio
para enviar informações. As Forças Armadas é que são responsáveis pela segurança das informações. Nenhuma informação é jogada no canal sem ser tratada, isto
é, criptografada (cifrada)", disse
o Emfa.
Na prática, as Forças Armadas
dão às informações que envolvem
segurança o mesmo tratamento
dado por bancos e empresas de
cartão de crédito, por exemplo, na
transmissão de dados sigilosos das
contas dos clientes e movimentações financeiras em geral.
Com a privatização, muda apenas a natureza da empresa que explora o serviço -de estatal passa a
privada. A dependência continua
a mesma, enquanto as Forças Armadas não conseguirem ter um
satélite só para elas -como têm as
forças norte-americanas.
O contrato Anatel-Embratel
manda, inclusive, em caso de pane
nos satélites, que os órgãos de segurança tenham preferência no
restabelecimento das comunicações. Se necessário, eles podem até
ter "direito de acesso" e "monitoramento dos satélites".
Hoje, há quatro sistemas de comunicação nas Forças Armadas,
que fazem uso de satélites. São canais independentes alugados à
Embratel -um de cada Força
(Exército, Marinha e Aeronáutica)
e o Siscomis (Sistema de Comunicações Militares por Satélite).
O Siscomis está sob controle do
Emfa e faz parte da chamada EMG
(Estrutura Militar de Guerra).
O Siscomis funciona como a interligação dos sistemas das três
Forças e do conjunto militar com a
Presidência. Em tempos de paz,
essa estrutura é usada em funções
administrativas que exijam segurança na comunicação.
Para maior segurança nas comunicações entre os ministros e desses com o Planalto, o Siscomis está
interligando uma rede que vai servir toda a Esplanada dos Ministérios. Hoje, já falam por essa rede
especial, além do presidente e dos
quatro ministros militares, quatro
ministros civis (Justiça, Relações
Exteriores, Assuntos Estratégicos
e Fazenda).
O Siscomis tem dois canais nos
satélites explorados pela Embratel.
Um deles é exclusivo das Forças
Armadas. A segurança, segundo o
Emfa, é mantida nas estações terrenas, "todas militares e em propriedades militares".
Hoje há estações terrenas em
Brasília, Rio, Curitiba e Manaus. A
meta do Emfa é ampliar a abrangência do Siscomis para além do
território nacional.
(RUI NOGUEIRA)
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