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SUCESSÃO
Presidente confirma que área social só será beneficiada indiretamente pela privatização do Sistema Telebrás
Verba de teles não vai para obras, diz FHC
EMANUEL NERI
enviado especial a Ouricuri (PE)
O presidente Fernando Henrique Cardoso informou ontem que
só de forma indireta e eventual poderá usar o dinheiro da privatização da Telebrás em obras sociais.
"Onde houver necessidade, nós
vamos ter certa margem de manobra com os juros do ágio, que correspondem a algumas centenas de
milhões de dólares", afirmou
FHC ao visitar Ouricuri (642 km a
oeste de Recife).
O presidente citou um dos projetos que podem ser beneficiados
com esse dinheiro. O Bolsa Criança Cidadão, que tem como objetivo tirar crianças do trabalho para
colocar na escola, pode eventualmente receber parte do que foi
economizado com o abatimento
da dívida pública, destino do dinheiro da privatização do Sistema
Telebrás.
"Às vezes faltam recursos para
esse tipo de questão", afirmou.
Para FHC, o dinheiro da venda da
Telebrás pode ser usado para evitar que programas como esse tenham problema de continuidade.
O presidente afirmou que projetos na área da seca também podem
ser beneficiados.
FHC esteve em Ouricuri para visitar obras do Sistema Adutor
Oeste, que transporta água do rio
São Francisco por 721 km. A água
é captada em Orocó (PE) e percorre 13 municípios pernambucanos
e seis piauienses.
Transposição das águas
O presidente afirmou que aquela
obra é um "ensaio de uma transposição mais ampla" de águas do
São Francisco que será feita por ele
em seu eventual segundo mandato. A transposição, que tornará
perenes rios secos, é uma reivindicação de Estados nordestinos.
Na campanha eleitoral de 94,
FHC havia prometido realizar essa
obra, avaliada em R$ 1,5 bilhão.
Ontem, em mais uma promessa de
campanha, ele afirmou que a obra
deve ser iniciada antes do final do
próximo ano. O Ceará, Estado que
FHC visita hoje, é um dos principais defensores do projeto.
"Vamos fazê-la (a transposição)
com a certeza de que não vamos
prejudicar nem Pernambuco nem
Bahia", disse FHC. A transposição não conta com a simpatia dos
políticos baianos aliados de FHC,
principalmente do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Verba e campanha
Na visita a Ouricuri, FHC negou
que tenha liberado verbas para Estados que estão sendo visitados
por ele. "Todos os dias há liberação de verbas. É má-fé dizer que
houve liberação só porque eu estou visitando esses Estados."
FHC também se queixou dos saques que ocorreram em Pernambuco nos últimos dias. "Essa
questão fica muito mal. Anuncio
que venho ao Nordeste e vão saquear?", disse. "Meu Deus, esse é
um caso de polícia", completou.
A viagem de FHC a Pernambuco
e ao Ceará tem trechos oficiais,
que ele faz como presidente, e outros de campanha eleitoral.
A principal atividade de campanha era um comício previsto para
ontem à noite em Juazeiro do Norte (CE).
Veto
O comando político da campanha da reeleição vetou a participação de FHC em alguns atos que
pudessem comprometer a imagem dele como presidente.
Um deles foi o cancelamento,
ontem, no final do dia, da visita ao
assentamento urbano Rabo da
Gata, em Juazeiro do Norte, no
Ceará.
A área fica nos limites do município e é habitada por pessoas de
baixa renda. Temia-se que algum
incidente nesse local levasse o presidente a ser motivo de chacotas.
A previsão era que até 15 mil pessoas acompanhassem esse primeiro comício no Nordeste.
Colaborou
William França, enviado especial a
Juazeiro do Norte (CE)
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