São Paulo, sábado, 1 de agosto de 1998

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MST faz saque em protesto contra FHC

VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) protestou ontem contra o presidente Fernando Henrique Cardoso realizando mais um saque em Pernambuco -o sexto nesta semana.
Para o coordenador estadual do MST, Jaime Amorim, o saque, "além de servir para matar a fome dos trabalhadores", seria também "uma forma de mostrar a insatisfação do povo contra a fome e o desemprego".
Carlos Silva Brasileiro, outro dirigente do MST, disse que os 76 acampamentos do movimento em Pernambuco não recebem cesta básica do governo federal e, por isso, "cada saque é também um protesto".
Fernando Henrique chegou ontem de manhã a Pernambuco para vistoriar obras de duplicação da BR-101, em Cabo, região metropolitana de Recife.
O saque aconteceu na BR-232, em Pombos, no agreste, a cerca de 70 quilômetros do local visitado pelo presidente.
Os seis saques ocorridos nesta semana foram realizados na Zona da Mata, agreste e sertão. Foi a primeira vez, desde o agravamento da seca, em maio, que o MST realizou saques em série nas três regiões do Estado.
Agora são 24 os saques organizados pelo MST no Estado desde maio. Treze foram em rodovias.

Alimentos
O saque de ontem foi contra um caminhão carregado com 5 toneladas de carne, 600 quilos de charque, 300 quilos de salsicha e 30 quilos de frango congelado.
Cerca de 300 sem-terra participaram do ato, segundo o movimento dos sem-terra.
Eles cercaram o caminhão e obrigaram o motorista Wílson Valdeci a levar o veículo até o acampamento da Fazenda Condic -onde vivem, na zona rural de um município vizinho, Passira (109 km de Recife).
A área foi invadida em março último. Cerca de 900 famílias vivem no local, segundo o movimento.
O caminhão saqueado levava carga da distribuidora Paz e Amor, de Caruaru para Recife.
Não há nenhum sem-terra preso em Pernambuco devido aos saques realizados.
A Polícia Militar foi orientada pelo governador Miguel Arraes (PSB) a não entrar em conflito com os sem-terra e a tentar resolver os problemas com os trabalhadores por meio de negociação.



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