DA ENVIADA A BRASÍLIA

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, recusou-se a dar conselhos ao colega Luiz Inácio Lula da Silva para superar a crise política. Mas ofereceu apoio e recomendou a opositores do brasileiro que não tentem dar um golpe, como o sofrido por ele em 2002.
"Não vim aqui para dar conselhos, só apoio. Mas faço um chamado: ainda que com todo o espaço para a democracia e a crítica, que ninguém se aventure pelo caminho que se aventurou a oligarquia venezuelana", afirmou, referindo-se à tentativa de golpe que o tirou por dois dias do poder em abril de 2002.
"Não vou me meter em assuntos internos do Brasil. Mas estaremos sempre apoiando o presidente Lula contra qualquer tentativa de desestabilizá-lo", declarou em entrevista coletiva concedida ontem na Embaixada da Venezuela em Brasília.
Ele minimizou a queda de popularidade de presidentes de esquerda no continente, como Lula e o argentino Néstor Kirchner, e disse acreditar que não haja crise. "A esquerda na América Latina seguirá se fortalecendo Cremos que o caminho é o socialismo, não o capitalismo."
Chávez, que estava em Brasília para a Cúpula Sul-Americana de Nações, também voltou a criticar os EUA e atacou o jornal "O Globo", que na última quarta publicou um editorial intitulado "Chávez fracassa". O texto cita dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) da Venezuela que indicam que a pobreza no país cresceu durante o governo Chávez. É o mesmo teor de editorial publicado pela Folha dois dias antes.
"O Globo atua como lacaio do imperialismo americano. Eles se prestam a isso, a distorcer cifras, descontextualizar declarações", disse, sem se estender.
Procurada pela Folha, a Direção de Redação de "O Globo" informou ontem à noite que não se manifestaria a respeito das declarações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
(LC)


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