São Paulo, segunda-feira, 01 de outubro de 2007

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Lula vai reunir bancada "rebelde" do PMDB

Presidente deve encontrar os 19 senadores da sigla nesta semana para tentar reorganizar forças na Casa após derrotas em votações

Petista dá atenção à sigla, enquanto Walfrido cobra fidelidade de suplentes no Senado, como os de Hélio Costa e de Sérgio Cabral

KENNEDY ALENCAR
FELIPE SELIGMAN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuará diretamente nesta semana para conter a rebelião de 12 dos 19 senadores peemedebistas e reorganizar suas forças no Senado após a derrota da semana passada, quando foi derrubada uma medida provisória que criava uma secretaria com status de ministro para o titular e mais de 600 cargos federais.
A Folha apurou que Lula se reunirá com a bancada de 19 senadores. A data está em negociação -há possibilidade de um jantar amanhã ou quarta.
Amanhã, o presidente reunirá o conselho político, formado pelos presidentes dos partidos aliados que sustentam a coalizão lulista, para pedir apoio a futuras MPs sob o compromisso de que serão consultados antes de editá-las. Nesta semana, Lula pretende enviar ao Congresso a MP que cria a rede pública de TV. Os líderes foram chamados para essa reunião.
Segundo o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), o partido espera por um jantar com Lula há mais de quatro meses. "Com a crise no Senado, a idéia de uma reunião esfriou. Mas já procurei o ministro Walfrido, para retomar a idéia. Esperamos que isso aconteça ainda nesta semana."

Morde e assopra
Enquanto Lula assopra, Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) cobra fidelidade dos padrinhos políticos dos rebeldes, principalmente suplentes cujos titulares da vaga estão hoje em outros postos, como o ministro Hélio Costa (Comunicações) e o governador do Rio, Sérgio Cabral.
Walfrido já telefonou para Cabral e pediu que ele enquadre Paulo Duque, segundo suplente de senador do PMDB fluminense. O ministro das Comunicações recebeu um recado semelhante, disse ontem à Folha um auxiliar de Lula. Wellington Salgado (MG), suplente de Costa, assumiu o papel de porta-voz dos rebeldes.
Salgado disse na semana passada que o governo só atende politicamente os "cardeais" do PMDB e que os rebeldes seriam "franciscanos" que desejam "atenção e carinho" do Palácio do Planalto. Leia-se: querem cargos e verbas públicas.
"Os senadores do PMDB pediram carinho. Acho que o presidente deve se reunir com eles e dar carinho. Só carinho. Quem está na base do governo deve apoiar e não fazer rebelião", disse Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
A Folha apurou que Walfrido também já enviou mensagem ao governador André Puccinelli (PMDB-MS) para que peça a Valter Pereira, anfitrião do jantar da semana passada em que a rebelião foi planejada, para que voltasse a assumir posições de defesa do governo.
Segundo articuladores políticos de Lula no Senado, a bancada se comprometeu a votar, já nesta semana, a favor dos projetos de interesse do governo, que estuda as reivindicações dos rebeldes. Lula também pediu ajuda ao presidente da Casa, Renan Calheiros (AL). A rebelião ajudou Renan, que se queixa de falta de solidariedade do PT.


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