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CPI das ONGs quer investigar denúncia que envolve Ideli
Senado instala comissão na quarta; petista diz desconhecer irregularidades em federação
Adversário da líder do PT na Casa afirma que as fraudes em entidade de agricultura familiar do Sul vão ser investigadas por comissão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI das ONGs deve ser instalada quarta-feira no Senado e
a oposição já quer apurar pelo
menos um caso concreto que
pode dar dor de cabeça ao Planalto, envolvendo a líder do PT
na Casa, Ideli Salvatti (SC). São
denúncias de fraudes na Federação dos Trabalhadores na
Agricultura Familiar da Região
Sul (Fetraf-Sul).
A entidade, que recebeu
R$ 5,2 milhões entre 2003 e
2007 da União, é acusada pelo
Ministério Público de desviar
dinheiro público que deveria
ser usado para formar e qualificar mão-de-obra na área rural.
Reportagem publicada pela
revista "Veja" liga os principais
envolvidos na fraude à senadora. Ideli não nega a ligação, mas
afirma desconhecer quaisquer
irregularidades.
Em nota, disse que é "natural" sua ligação com lideranças
da agricultura familiar, já que
tem pautado sua atuação política em defesa do setor. Por isso,
ela destaca que manteve relações com diversas entidades da
área e prefeituras. Disse que só
apresentou emendas para favorecer a agricultura familiar.
Para Ideli, "definitivamente
isso não implica que eles tenham qualquer participação
em supostas ilegalidades perpetradas para o desvio de recursos públicos".
Cotado para assumir a presidência da CPI, o senador Raimundo Colombo (DEM-SC),
adversário político da petista
em Santa Catarina, diz que casos como esse serão alvo das investigações na comissão. "O
que não pode é essas ONGs, financiadas com dinheiro público, não serem fiscalizadas."
Comedido, o senador Valter
Pereira (PMDB-MS), que deverá assumir a relatoria da CPI,
ressalta que "é arriscado fazer
juízo de valor antes de se iniciar
qualquer investigação". Mas
ele admite que a nova CPI "desagradará a muita gente" e que
caberá à oposição oferecer as
denúncias que serão apuradas.
A Polícia Federal investigou
18 convênios firmados entre a
federação e os ministérios do
Desenvolvimento Agrário, do
Trabalho, da Agricultura e da
Pesca por meio dos quais a entidade recebeu os recursos.
Pelo menos uma parte desse
dinheiro teria sido usado para
financiar campanhas políticas
do PT, segundo a denúncia. Na
prestação de contas, a Fetraf
teria simulado lista de presença
em cursos, maquiado despesas
e organizado um caixa dois.
Segundo a denúncia, o esquema reúne parlamentares, dirigentes de entidades com influência política para negociar convênios com órgãos públicos, e funcionários em postos-chave nos ministérios.
No caso específico da Fetraf-Sul, destaca-se o fato de a entidade ter sido criada em 2001
por petistas ligados à senadora
e ganhado importância no governo Lula.
Em um dos convênios, assinado em 2003 com o Desenvolvimento Agrário, a Fetraf-Sul
teria recebido R$ 1 milhão para
treinar trabalhadores rurais
em Chapecó. No entanto, a federação forjou lista de presenças com alunos fantasmas.
O coordenador da entidade
na época em que a maioria dos
convênios que aparecem com
irregulares era Dirceu Dresch,
hoje deputado estadual pelo PT
e ex-coordenador de campanhas de Ideli.
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