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Lula busca enquadrar ministros que apontaram o fim da "era Palocci"
Presidente ficou contrariado com críticas do grupo desenvolvimentista, formado por Dilma, Tarso e Mantega
Defensor de política fiscal rigorosa, petista interpretou a ação dos ministros como tentativa desnecessária de influenciá-lo na economia
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne hoje de manhã
no Palácio do Planalto com os
ministros da área econômica e
a chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, a fim de unificar o
discurso do governo e pedir que
não travem debates públicos.
Lula quer discutir políticas
para tentar atingir 5% de crescimento do PIB ao ano, mas
sem promover uma guinada na
política econômica, como deseja o grupo capitaneado por Dilma. A Folha apurou que essa
posição será explicitada na reunião, da qual Lula excluiu o ministro Tarso Genro (Relações
Institucionais), que o contrariou no domingo da eleição ao
falar em "fim da era Palocci".
Batizado de "eixo do atraso"
por integrantes do governo, o
grupo de Dilma conta com o
Tarso, Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do PT, Marco Aurélio Garcia. Segundo a
Folha apurou, Lula disse a um
ministro que a festa da vitória
foi "estragada" pelo grupo.
Tarso, Dilma e Mantega
acham que há espaço para queda mais rápida dos juros. Os
três tentam derrubar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mas Lula não
deu aval a essa operação nem
garantiu Mantega na Fazenda.
Meirelles, que participará da
reunião de hoje, disse a Lula
anteontem que é inútil discutir
o passado, como eventual erro
de dosagem dos juros. Agora, a
sinalização de ajuste fiscal seria
a prioridade, pois a política monetária está num processo de
queda dos juros. Segundo um
auxiliar direto, Lula deu razão
ao presidente do BC.
Vitória atrapalhada
Lula ficou aborrecido com
Tarso. Considerou a declaração
de fim da "era Palocci" como
tentativa de influenciá-lo na
economia. E ficou contrariado
com o eco que Dilma deu às palavras de Tarso no domingo. Na
segunda, ela recuou.
Quanto mais Dilma e Tarso
falam de economia, mais enfraquecem Mantega, que se tornou satélite da Casa Civil nas
disputas internas do governo.
Para Lula, o domingo era o
dia de comemorar uma vitória
difícil, mas as declarações de
Tarso e Dilma o obrigaram a
confirmar o que ele já imaginava consolidado: manter o controle da inflação e uma política
fiscal rigorosa por acreditar
que são as precondições para o
crescimento de 5% anuais.
O gabinete de Dilma no Palácio do Planalto virou uma espécie de bunker dos "desenvolvimentistas" do PT. Na segunda-feira, a ministra se reuniu com
Tarso e Mantega. Os três traçaram estratégia para tentar segurar Mantega na Fazenda.
Desde a queda de Palocci em
março, é Lula quem tem feito o
contraponto "conservador" na
discussões do governo sobre
economia. Nas palavras de um
ministro, as posições de Dilma
e Tarso refletem "um sentimento difuso no PT de que é
preciso mudar a economia, mas
Lula não concorda".
Como antecipou a Folha, o
presidente deseja levar o empresário Jorge Gerdau Johannpeter para o primeiro escalão.
Ele é cotado para a Fazenda,
além do Desenvolvimento e da
Previdência. Outras opções para o lugar de Mantega são os
petistas José Sérgio Gabrielli,
presidente da Petrobras, e Fernando Pimentel, prefeito de
Belo Horizonte.
NA INTERNET - Participe de bate-papo com Kennedy Alencar sobre o
2º mandato de Lula, hoje, às 15h
www.folha.com.br
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