São Paulo, quarta-feira, 01 de novembro de 2006

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entrevista

Cardeal diz que papa definirá os projetos

DA REPORTAGEM LOCAL

Dom Cláudio Hummes afirma na entrevista a seguir que seria "ousadia" apresentar um projeto para a nova função antes de conversar com o papa Bento 16.

 

FOLHA - Como o sr. recebeu a notícia?
D. CLÁUDIO HUMMES
- Quando eu estava participando do Círio de Nazaré [em Belém, no começo de outubro]. O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal [Tarcisio] Bertone, me telefonou de Roma comunicando que o papa desejava me nomear para esse cargo. Fiquei em sigilo até o dia de hoje, quando foi publicada essa nomeação.

FOLHA - Qual foi sua reação?
D. CLÁUDIO
- É uma responsabilidade grande. Eu estava no meu quarto, me ajoelhei e rezei. Foi a primeira coisa que fiz. Conheço meus limites, mas quero fazer o melhor possível para atender ao papa naquilo que ele deseja.

FOLHA - O sr. falou com o papa?
D. CLÁUDIO
- Não.

FOLHA - Qual é o desafio da Igreja nesse momento no que tange à vida e à ação dos padres?
D. CLÁUDIO
- Olha, não tenho um projeto. Nem teria a ousadia de apresentar um, exatamente porque devo ouvir primeiro o papa. É ele, na verdade, que propõe a seus prefeitos o que ele quer.

FOLHA - A formação dos padres será uma de suas preocupações agora em Roma?
D. CLÁUDIO
- Claro.

FOLHA - Uma das questões que tem a ver com a formação e a ação dos padres são as acusações de pedofilia contra religiosos nos últimos anos. Isso é uma preocupação do sr.? O que pode ser feito?
D. CLÁUDIO
- Volto a dizer, isso é algo que o papa é que irá dizer. Até o momento, as orientações são para que haja uma boa seleção, uma boa formação e, se houve denúncias de casos, que sejam encaminhadas para a Santa Sé.

FOLHA - Aumentou o número de casos?
D. CLÁUDIO
- Eu não tenho números.

FOLHA - O homossexualismo de padres é uma preocupação para a igreja?
D. CLÁUDIO
- É preocupação de toda a sociedade.

FOLHA - É um problema? É pecado? Uma pessoa poderia ser padre mesmo sendo homossexual?
D. CLÁUDIO
- Não vou entrar nesse assunto. Porque tudo isso já foi discutido.

FOLHA - Mas qual é a opinião do sr. sobre esse assunto?
D. CLÁUDIO
- Mas eu não vou entrar nesse assunto.

FOLHA - Como fica a Arquidiocese de São Paulo? O sr. é muito bem quisto entre os católicos da cidade por ter sido capaz de dar espaço para diversas correntes dentro da igreja e também para os leigos. O seu sucessor deveria ter um perfil parecido com o do sr., conciliador?
D. CLÁUDIO
- Não me preocupo nem é o caso de me preocupar com a sucessão. O novo arcebispo tem que ser absolutamente autônomo. Essa é a grande riqueza da história. O importante para a igreja é que seja uma coisa nova. Não vou querer dar palpites sobre o meu sucessor.


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