São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

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Outro lado

Senadores afirmam não ver "conflito de interesses"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Senadores que assistiram ao show como convidados da TAM dizem não ver conflito de interesse pelo fato de a empresa ser investigada no Congresso. Para a companhia aérea, promover sessões fechadas "é uma das propriedades de relacionamento desse patrocínio".
"A TAM informa que apóia projetos culturais e, desde o ano passado, é patrocinadora dos espetáculos do Cirque du Soleil apresentados no Brasil. Desta forma, a realização de sessões fechadas nas localidades onde o grupo faz suas apresentações é uma das propriedades de relacionamento desse patrocínio", disse, em nota. Segundo a TAM, foram 400 ingressos para autoridades, congressistas e jornalistas.
Presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), que chegou a comandar a CPI do Apagão Aéreo, disse que recebeu dois convites porque é cliente "fidelidade vermelho" -plano de milhagens da TAM.
"O convite era no dia que minha esposa podia ir, não vejo qualquer relação com a CPI, é vínculo zero, não houve nenhum contato com diretor. Poderia não ter ido naquele dia e ir hoje [ontem], que foi a Globo que deu quatro [convites]. Se fosse da Folha também iria, não vejo maldade", disse Tião.
Ideli Salvatti (PT-SC) disse que o fato de ter ido a convite "não muda nada sua posição sobre a CPI". Ela ironizou: "Ali, dava quórum para plenário".
Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que foi ao espetáculo atendendo a um chamado da organização do evento e não sabia que era da TAM. Augusto Botelho (PT-RR) disse que "só foi por insistência de Suplicy".
"Se há alguém que a TAM não deve gostar sou eu, que briguei pela Varig. Pensei que tinham comprado o ingresso, fiquei sabendo quando estava lá", disse Pedro Simon (PMDB-RS). "Não interfere em nada, não muda minhas posições, inclusive sobre os serviços prestados pela TAM", afirmou Sérgio Guerra (PSDB-PE).
Heráclito Fortes (DEM-PI) e Marco Maciel (DEM-PE) afirmaram por meio de assessoria que "não há conflito de interesses". Romero Jucá (PMDB-RR) não comentou.
O ministro Marco Aurélio Mello disse que "de forma alguma" vê empecilho ao fato de ter aceitado convite da Globo. "Havia várias autoridades e não se pode vislumbrar aí qualquer comprometimento. O dia em que um juiz for alcançado na sua honorabilidade por um convite para espetáculo circense, estará muito vulnerável, e isso será péssimo à sociedade."
O Bradesco afirmou, por meio da assessoria, que convidou clientes de varejo, "prime", "private", empresarial, "corporate", acionistas, funcionários e parceiros, e que, entre eles, havia congressistas e autoridades que não são clientes, mas em número reduzido.
A assessoria da Central Globo de Comunicação disse que o evento de anteontem foi destinado a funcionários -cada um recebeu dois convites. Mas que, como havia muitos lugares, foram convidados também "fornecedores, clientes, integrantes do mercado publicitário, parceiros em projetos sociais e autoridades". Informou ainda que foram convidados "o público com o qual a Globo tem relacionamento".
A assessoria da Aeronáutica não comentou a presença do comandante, José Nery (PSOL-PA) está no exterior e Inácio Arruda (PC do B-CE) não ligou de volta.


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