São Paulo, Quarta-feira, 01 de Dezembro de 1999


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BIRD
Para país, participação da comunidade deve pautar liberação de verba contra pobreza
Alemanha quer mudar prioridades

LYDIA MEDEIROS
enviada especial a Canindé (CE)

Para a Alemanha, a participação da comunidade deve ser um dos principais critérios para o financiamento de projetos de combate à pobreza pelo Banco Mundial (Bird). Terceiro doador do banco, o governo alemão pretende usar sua influência no organismo para fazer valer essa prioridade.
Hans-Dietrich Lehmann, diretor-geral do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento, voltou a Bonn, depois de participar da Conferência das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, ocorrida na semana passada, em Recife (PE), disposto a reforçar essa visão junto a seus superiores. "Não adianta dar recursos para a construção de açudes. Vale mais à pena investir nos projetos que contam com a iniciativa da sociedade", disse.
Segundo o chefe do departamento da cooperação técnica e financeira da embaixada alemã em Brasília, Otmar Greiff, seu país dedica cerca de R$ 7 bilhões a projetos de cooperação internacional. No ano passado, o Brasil recebeu R$ 3 bilhões da Alemanha: R$ 1,4 bilhão do governo e R$ 1,6 bilhão em programas em parceria com outras instituições.
A delegação alemã visitou em Canindé (cerca de 2 h de Fortaleza) o projeto piloto do governo do Ceará, o Prodham (Programa de Desenvolvimento Hidroambiental), braço do Progerirh (Programa de Gerenciamento e Integração dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará), um programa de US$ 248 milhões -US$ 112 milhões do Estado e US$ 136 milhões do Bird. E os alemães querem participar.
"Projetos como o que vi em Canindé são exemplos de programas que o Banco Mundial deve apoiar, porque há envolvimento da comunidade", disse Lehmann.
A Alemanha quer levar a oito municípios da região da Serra do Baturité o Prorenda, projeto que já desenvolve no litoral cearense e em outros Estados brasileiros desde 1990 (PA, BA, PE e RS).
Junto a ONGs e aos governos estaduais (que entram com 50% dos recursos como contrapartida à cooperação internacional), o Prorenda pretende capacitar agricultores e técnicos para criar e fortalecer pequenas agroindústrias. Chistof Küchemann, diretor da GTZ, a agência alemã responsável pela cooperação técnica, diz que hoje o ambiente é favorável ao Prorenda, graças ao papel das ONGs e da municipalização. Para ele, um dos objetivos do projeto é influenciar as políticas públicas.
O programa que entusiasmou os alemães baseia-se na construção de barragens subterrâneas, que armazenam a água da chuva e tornam o solo mais úmido, permitindo o plantio.


A jornalista Lydia Medeiros viajou a convite da Embaixada da Alemanha


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