São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2004

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PT NO DIVÃ

Carta ignora demanda da base para manter ministérios sociais com o partido

Prefeitos eleitos dão apoio a governo

JULIA DUAILIBI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PT promoveu a elaboração de um documento que defende o governo Luiz Inácio Lula da Silva e ignora a demanda da base do partido para que os ministérios sociais sejam mantidos com a legenda. A carta, aprovada simbolicamente, foi apresentada como manifestação legítima dos prefeitos petistas.
O documento, chamado "Carta de Brasília", foi apresentado ontem, último dia do Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas do PT. Faz referências elogiosas ao governo Lula, ao destacar a "grande obra" da gestão petista no plano federal e a "inovação positiva" em curso no país.
A carta foi formulada na noite de anteontem, com a presença de apenas quatro integrantes do partido. Não abordou, portanto, as intervenções feitas pelos prefeitos ontem, quando ocorreram as palestras com ministros da legenda.
Durante as exposições, houve declarações a favor de que as pastas consideradas estratégicas, como Saúde, Cidades e Educação, sejam mantidas com o PT.
"Aqui não era o foro para discutir reforma ministerial nem fazer ataques à política econômica do presidente Lula", afirmou o secretário de Assuntos Institucionais do partido, Paulo Ferreira.
O PT deve perder espaço no governo com as alterações que o presidente Lula pretende fazer em seu ministério. Os pedidos da base para a manutenção de pastas com o partido causam constrangimento na cúpula, uma vez que o PT sabe que deverá ceder espaço em nome da "coalizão".
"Isso é a manifestação de alguns companheiros, mas não reflete o ponto de vista do partido", disse o presidente do PT, José Genoino.
Os prefeitos eleitos de Nova Iguaçu (RJ) e Fortaleza (CE), Lindberg Farias e Luizianne Lins, respectivamente, chegaram a propor uma moção para que os ministros Olívio Dutra (Cidades), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Humberto Costa (Saúde) fossem mantidos no cargo, mas o ato foi esvaziado no decorrer do dia. Eles foram ao encontro e deram respostas idênticas sobre a possibilidade de perderem seus cargos: "É prerrogativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
O ministro José Fritsch (Pesca), que esteve na reunião, disse que o rompimento da aliança com o PMDB em Santa Catarina "não foi nenhuma loucura", apesar de desobedecer à direção do PT.
O evento de dois dias, com 342 dos 411 prefeitos eleitos, ocorreu em um hotel de Brasília e custou R$ 60 mil, segundo Delúbio Soares, secretário de Finanças do PT.


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