São Paulo, quarta-feira, 01 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO BANPARÁ

Suposto crime de desvio de dinheiro prescreveria neste sábado

STF deve abrir processo contra Jader

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A três dias da prescrição do caso Banpará, o STF (Supremo Tribunal Federal) deverá abrir hoje um processo criminal contra o deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA) para apurar se houve desvio de dinheiro daquele banco quando ele era governador do Pará, entre os anos de 1984 e 1987.
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, denunciou Jader Barbalho por peculato, em março deste ano. Para Fonteles, o ex-governador paraense participou de um "ardiloso esquema criminoso", que envolvia a transferência de verbas públicas do Banpará para aplicações em fundos de renda fixa no banco Itaú.
No próximo sábado, a primeira transferência de verba completará 20 anos. A partir dessa data, o caso estará prescrito, ou seja, sem possibilidade de punição dos responsáveis se o processo criminal não for aberto. Se for aberto, a contagem do prazo recomeçará da estaca zero.
A denúncia começou a ser apreciada pelo Supremo na quinta-feira da semana passada, mas o julgamento foi suspenso por um pedido de vista feito pelo ministro Marco Aurélio de Mello.
Já há votos suficientes para a abertura da ação penal -quando isso ocorrer, Jader Barbalho irá se tornar réu. Dos 11 ministros, seis se manifestaram dessa forma e um foi contrário -para Gilmar Mendes, o caso já está prescrito.
No primeiro momento, Marco Aurélio não deu garantias de que levaria o inquérito de volta ao plenário do Supremo antes da prescrição do suposto crime, mas na última segunda-feira ele se comprometeu a reapresentá-lo hoje.

Sudam
Se for instaurada, essa será a primeira ação penal contra o deputado Jader Barbalho no Supremo Tribunal Federal.
Ele também é acusado de desvio de dinheiro da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e de venda de TDAs (títulos da dívida agrária) que teriam sido emitidos de forma fraudulenta quando ele foi ministro da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, no governo do ex-presidente José Sarney.
O inquérito do caso Banpará tramita no Supremo desde agosto de 2001. Por ordem do relator, Carlos Velloso, houve a quebra do sigilo bancário de Jader e de outras 48 pessoas, e a Polícia Federal pôde examinar a movimentação financeira de todos eles, de janeiro de 1984 a junho de 1990.
Na época, Jader era senador, mas renunciou ao mandato para escapar de processo de cassação. Em 2002, ele se elegeu deputado. Ele sempre negou as acusações.


Texto Anterior: Rio: Rosinha converte marido em "primeiro-ministro"
Próximo Texto: BC blindado: MP que dá status de ministro para Meirelles é aprovada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.