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BC BLINDADO
Em sessão tensa, presidente do Banco Central ganha foro privilegiado
MP que dá status de ministro para Meirelles é aprovada
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de mais quatro horas de
sessão tumultuada, a medida provisória que concede status de ministro ao presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, foi
aprovada a 0h33 de hoje pela Câmara. Foram 253 votos a favor,
145 contra e 4 abstenções.
Poderia ser votada ainda na madrugada uma emenda que estende o status de ministro, e o conseqüente foro privilegiado, aos ex-presidentes do BC.
A MP rachou a bancada de deputados federais do PT, que em
reunião tensa decidiu apoiá-la
por três votos de diferença: 26 a
favor e 23 contra, com uma abstenção. No plenário, 27 assinaram
documento se comprometendo a
votar contra a MP, que ainda tem
que ser aprovada pelo Senado.
As resistências à medida eram
grandes na oposição e entre governistas. Na reunião do PT, o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (SP), deixou claro
que votos contrários seriam interpretados como rompimento com
o governo. A bancada do PT, de
90 integrantes, sempre apoiou o
governo de forma majoritária. A
vitória apertada foi vista pela ala
governista da legenda como fechamento de questão, ou seja, a
bancada votaria unida a favor do
texto. Já os contrários diziam que
iriam votar por sua derrubada.
Mesmo quem votou pela aprovação da medida fez críticas.
"Não dá mais para fazer MP
desse tipo e achar que todas as vezes vamos segurar as pontas",
afirmou Durval Orlato (PT-SP).
A MP foi editada em agosto e a
principal crítica é que teria o objetivo de preservar Meirelles de acusações de sonegação fiscal e evasão de divisas. "Não é para proteger Meirelles, é para proteger o BC
e o Estado Brasileiro", disse Aldo
Rebelo (Coordenação Política).
Por volta das 22h30, ocorreu um
bate-boca entre os deputados Babá (sem partido-PA) e Ricardo
Fiúza (PP-PE), relator da MP. Babá chamou Fiúza de corrupto,
que teria sido "escolhido a dedo"
para proteger "outro corrupto,
Meirelles". "Moleque, vagabundo, não brinque comigo", respondeu o relator. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP),
determinou investigação do episódio pela Corregedoria da Casa.
A polêmica em torno da MP resultou também no adiamento da
votação da reforma política na
Comissão de Constituição e Justiça. PTB, PP e PL são contra seus
principais pontos e, diante disso,
o governo resolveu protelar a votação para que não houvesse represália na análise da MP do BC.
PMDB cobrou, mais uma vez, a
manifestação de que o projeto de
reeleição das Mesas do Senado e
da Câmara não será mais votado.
João Paulo foi à reunião do PT dizer que não tentará mais ressuscitar a proposta e que autorizava a
bancada a iniciar o processo para
sua sucessão, que ocorre em fevereiro. Há pelo menos dez deputados do partido de olho no posto.
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