São Paulo, terça-feira, 01 de dezembro de 2009

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Sub de Arruda é afastado das obras da Copa de 2014

FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos principais articuladores do governador José Roberto Arruda (DEM) no suposto esquema de propinas, Fábio Simão será afastado do comando das obras do governo para a Copa do Mundo de 2014.
Simão atua como coordenador do comitê organizador de Brasília na Copa de 2014, além de ser ligado ao presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira.
Ele foi afastado na sexta-feira do cargo de chefe de gabinete pessoal de Arruda. Como ontem foi feriado local no DF, a medida ainda não foi publicada no "Diário Oficial". Simão não foi localizado pela Folha.
"O afastamento alcança todas as suas atividades administrativas", disse o corregedor do Distrito Federal, Roberto Giffoni.
A reforma do estádio Mané Garrincha é a principal obra do governo local sob comando de Simão. A obra custará R$ 520 milhões e deve ser iniciada em abril de 2010, quando Brasília completa 50 anos. O estádio deve estar pronto até o fim de 2012. O objetivo é expandir a capacidade do estádio para 70 mil lugares. Destes, 10 mil cadeiras serão destinadas a políticos, convidados e jornalistas.

R$ 360 milhões
O DF deverá receber da União R$ 360 milhões para as obras da Copa. O dinheiro será usado na construção do Veículo Leve sobre Trilhos.
A dupla função de Simão no governo representa a proximidade entre a cúpula da política local e o futebol do Distrito Federal. Além de chefiar o gabinete de Arruda e cuidar da Copa em Brasília, ele acumula a presidência da Federação Brasiliense de Futebol.
Antes de chefiar o gabinete de Arruda, Simão foi assessor do secretário da Casa Civil, José Geraldo Maciel. Segundo o relatório da Polícia Federal, Maciel era quem distribuía as supostas propinas. "Aquela despesa mensal com político sua está em quanto?", pergunta o governador a Maciel em uma das conversas gravadas.
Segundo Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais, Simão recebeu cotas entre R$ 20 mil e R$ 60 mil do suposto dinheiro arrecadado.
Simão é influente nos bastidores da política brasiliense desde o governo de Joaquim Roriz de 1991 a 1994. Ele era assessor pessoal de Roriz e, na época, foi acusado de irregularidades na administração. Em 1994, a Câmara Legislativa tentou criar uma CPI para investigá-lo, num desdobramento da CPI do Orçamento da Câmara dos Deputados. A base aliada de Roriz derrubou a CPI.
Filiado ao PMDB, Simão foi um dos apoiadores da aliança com Arruda. O acordo levou Roriz a sair do partido e ingressar no PSC. Antes de romper com Roriz para apoiar Arruda, Simão também foi assessor do senador cassado Luiz Estevão e diretor do Brasiliense, time presidido por Estevão.


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