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ELEIÇÕES-2002
Coordenador petista quer que ampliação do aborto e união civil de homossexuais fiquem fora do texto-base
Plano de Lula deve evitar temas polêmicos
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas das bandeiras históricas do PT, como a ampliação do
direito de aborto e a união civil de
homossexuais, deverão estar ausentes do texto-base do programa
de governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, com divulgação prevista para o final de maio.
É o que defende o novo coordenador do programa de Lula, o
prefeito de Ribeirão Preto (SP),
Antônio Palocci Filho. Na última
segunda-feira, ele foi designado
para chefiar uma comissão de 20
pessoas encarregadas da elaboração do documento, no lugar de
Celso Daniel, prefeito de Santo
André, assassinado em janeiro.
Entre os integrantes do grupo
está a prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy, que, como deputada, defendeu a ampliação do direito ao
aborto -hoje restrito aos casos
de estupro e risco de morte materna-.e a união civil de pessoas
do mesmo sexo, que asseguraria
direitos previdenciários, entre outros, a casais homossexuais. Essas
metas constaram de programas
presidenciais anteriores de Lula.
Outro ponto defendido por setores do PT, a descriminalização
do uso de drogas, também não
deverá estar presente no plano.
No programa de 98, Lula defendeu combater as drogas com "repressão ao tráfico e dando tratamento médico e psicológico adequado ao jovem usuário".
"Essas questões polêmicas não
são temas exclusivos de governo.
O governo num determinado
momento vai tratar do tema, mas
não são questões centrais do programa", diz Palocci, 41.
Para o prefeito, a decisão não
significa que o partido tenha mudado de posição, mas seria resultante de um aspecto formal do
programa de governo. Ele defende um documento mais "enxuto".
"Em eleições passadas, havia o
detalhamento desde questões
macroeconômicas até valores da
sociedade. Eu imagino um programa diferente. Não que rejeite
esses temas, mas que não desça a
esses detalhamentos", diz.
Na semana passada, integrantes
da Igreja Universal do Reino de
Deus, que controla parte do PL,
pediram que Lula evitasse abordar os temas polêmicos em sua
campanha. Seria uma condição
para o PL apoiar a candidatura.
Palocci declara que não há nenhuma relação entre o pedido feito pelos evangélicos e a decisão de
não mencionar o tema no programa de Lula. "Não é para facilitar
composição política", diz.
O documento, segundo o prefeito, será um texto com princípios. "Quero propor um programa enxuto, com metas bem definidas, para ser lido. Não para ficar
na prateleira de meia dúzia."
Também não haverá detalhamento, segundo o prefeito, quanto a medidas referentes à economia, como a taxa de juros ou metas inflacionárias. "Seria uma bobagem. Você estabelece um compromisso; as medidas são tomadas quando chegar ao governo."
Eventualmente poderá haver
outros documentos específicos
com mais detalhes sobre temas da
campanha.
Palocci afirma que o PT continuará mantendo suas posições
históricas com relação aos temas.
E diz que elas não serão modificadas por pressão de aliados.
"O PT tem posições conhecidas.
Uma coisa é o aliado pensar diferente, outra é querer que a gente
mude de posição na eleição. Isso
não dá", declara. De acordo com
Palocci, o PT pode "ceder em algumas questões, afinar em outras
com outros partidos". "Mas sua
postura histórica não muda."
MST
Segundo o prefeito, o programa
de governo deverá também fazer
referências "elogiosas" ao MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra). As invasões
promovidas pelo movimento foram criticadas pelo senador José
Alencar (PL-MG), possível vice de
Lula em caso de composição.
"Temos muita diferença com o
MST em termos de opinião política, mas somos solidários."
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