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PT terá mais da metade dos cargos comissionados
Poder de fogo de 16 ministros petistas será de 11.817 vagas, com salários de até R$ 7.595
Dos 20 mil postos sem concurso público à disposição do governo federal, PMDB ficará com 3.773, aponta levantamento feito pela Folha
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Concluída a reforma ministerial e diante do aceno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de entregar aos partidos da
base o controle total de suas
pastas, o PT terá em mãos mais
da metade dos cargos comissionados da Esplanada dos Ministérios, preenchidos por nomeação e sem concurso público.
O poder de fogo dos 16 ministros petistas, incluindo autarquias e órgãos a eles subordinados, será de 11.817 cargos desse
tipo, cujos salários variam de
R$ 1.232 a R$ 7.595 e podem ser
preenchidos a critério de cada
ministro. Em muitos casos, o
cargo de DAS (Direção e Assessoramento Superiores) é usado
para acomodar indicados políticos de diferentes Estados.
Bem atrás do PT no ranking
de cargos, aparece o PMDB.
Juntos, Comunicações, Integração Nacional, Minas e Energia, Saúde e Agricultura possuem uma estrutura de 3.773
cargos, dos cerca de 20 mil à
disposição do governo federal.
Com a reforma ministerial
concluída na semana passada
pelo presidente Lula, o potencial de cargos do PMDB cresceu
446%, passando de 690 (quando tinha só Comunicações e
Minas e Energia) para 3.773.
O PMDB, aliás, é o partido
com a maior fatia das verbas orçamentárias. Seus cinco ministros terão, em 2007, R$ 45,3 bilhões em gastos sobre os quais
têm algum poder de decisão.
Apesar de no governo Lula
sempre liderar com folga o ranking de cargos, o PT tem reagido a qualquer sinal de possibilidade de perda de poder na Esplanada. Na semana passada,
por exemplo, reclamou da "política da porteira fechada", pela
qual todos os cargos de uma determinada pasta serão preenchidos pelo partido que a controla. PMDB, PR e PP dizem ter
recebido de Lula a autorização.
O PT, que manteve 16 cargos
de primeiro escalão após a reforma ministerial, afirma que,
apesar de controlar pouco mais
da metade desses cargos comissionados, somente 877 deles,
como filiados do partido, contribuem mensalmente com a
sigla com parte de seus salários.
Antes da reforma, o PT tinha
um poder de fogo de 10.679 cargos -agora são 11.817.
Demais aliados
De acordo com levantamento feito pela Folha, outros partidos da coalizão, como PP,
PDT, PV, PTB, PC do B e PR,
com um ministério cada, terão
cerca de 500 cargos. Já o PSB,
com a pasta de Ciência e Tecnologia e uma secretaria especial de Portos a ser criada, deverá contar com ao menos mil
desses cargos comissionados.
O levantamento da reportagem, com base em 77 decretos
presidenciais publicados a partir de 2003 no "Diário Oficial"
da União, levou em conta os
cargos específicos da pasta e
também de autarquias e órgãos
a ela subordinada. Exemplo:
sob o guarda-chuva do Desenvolvimento Agrário, além dos
321 cargos disponíveis na pasta, há ainda outros 697 no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Ter 2.000 cargos em mãos,
por exemplo, não significa necessariamente que o ministro
vá trocar todos eles por militantes de seu partido. A disputa
entre legendas, na realidade, se
concentra em abocanhar o "filé
mignon" dos cargos, 3.884 postos da Esplanada com salários a
partir de R$ 4.898 e auxílio-moradia próximo a R$ 1.800.
Um amplo potencial de cargos dá ao ministro a chance de,
por pressão ou necessidade,
acomodar alguém em um posto
qualquer. Se reajustado o salário do presidente, deve aumentar o valor de cada DAS -aumentando também o apetite dos partidos por esses cargos.
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