|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Marcos Valério deve devolver R$ 37 mi ao BB, sustenta PF
Empresa de operador do mensalão recebeu pagamentos indevidos, diz perícia criminal
Documento é mais uma evidência de que o esquema de compra de apoio político pelo PT foi abastecido com o dinheiro de banco estatal
FELIPE SELIGMAN
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Laudo da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal afirma que o publicitário
Marcos Valério, apontado como operador do mensalão do
PT, deve restituir R$ 37,6 milhões ao Banco do Brasil. O valor provém de dois contratos de
propaganda entre a DNA, uma
das agências de Valério, e o BB.
O documento da PF é mais
uma evidência de como o esquema foi abastecido com dinheiro público. O esquema organizado pelo PT de pagamento de propina a parlamentares
em troca de apoio no Congresso, revelado pela Folha em
2005, foi o maior escândalo de
corrupção do governo Lula.
A Folha obteve cópia do laudo, encaminhado há duas semanas ao relator do inquérito
do mensalão no STF, Joaquim
Barbosa. O ministro questionou se houve ou não desvio de
dinheiro público e se os serviços foram prestados pela DNA.
A perícia do Instituto Nacional de Criminalística, da PF,
diz que foi improcedente o dinheiro recebido pela DNA Propaganda creditado como bônus
de volume, no jargão do mercado publicitário. A bonificação é
um pagamento feito por veículos de comunicação às agências
de publicidade que cumprem
metas de faturamento.
Os contratos do BB determinam que essas bonificações
concedidas pelos fornecedores
-10% a 30% do valor dos pagamentos- sejam "integralmente" repassadas ao banco.
Para a PF, o pagamento é ilegal porque, na "análise de dois
contratos de publicidade (...),
principalmente no que concerne à obrigatoriedade do repasse de todas as bonificações à
instituição financeira, os peritos constataram a ausência de
documentos referentes aos
processos de aquisição e prestação de serviços".
O laudo é taxativo "na verificação de que todas as cobranças dos referidos bônus deveriam ter sido restituídas pela
DNA Propaganda ao Banco do
Brasil". O documento diz ainda
que havia notas fiscais sem correlação com os fatos.
"Por força contratual, todas
as bonificações, num total de,
ao menos, R$ 37,6 milhões, deveriam ter sido restituídas",
conclui o laudo. Caberia ao ex-diretor de marketing do BB,
Henrique Pizzolato, coibir as
irregularidades, de acordo com
auditores do TCU (Tribunal de
Contas da União), que em 2005
já haviam observado a apropriação indevida de recursos
por parte de Marcos Valério.
Pizzolato foi identificado como o principal elo do Banco do
Brasil com o mensalão e teria
recebido R$ 326,7 mil em dinheiro das contas de Valério.
Durante as investigações do
caso, a CPI dos Correios descobriu que o Banco do Brasil repassou à DNA via Visanet, entre maio de 2003 e junho de
2004, R$ 73,8 milhões -destes,
R$ 23 milhões foram pagos
sem nenhum recibo.
A ação penal do mensalão
deverá ser julgada pelos ministros do STF no próximo ano.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Lula diz que no mensalão soube quem era amigo Índice
|