São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2010

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Lula virou refém do PMDB, afirma Marina

Pré-candidata do PV à Presidência critica a falta de diálogo entre PT e PSDB e defende um "realinhamento histórico"

Em Pernambuco, senadora visitou Caruaru com uma claque paga com dinheiro da prefeitura e teve o nome anunciado em alto-falantes

Joel Silva/Folha Imagem
Senadora Marina Silva visita a feira de Caruaru acompanhada por um grupo de bacamarteiros

BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A CARUARU (PE)

A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva (PV), acusou ontem o governo de ter virado refém do PMDB por se recusar a negociar com os adversários tucanos.
A senadora defendeu um "realinhamento histórico" entre PT e PSDB, que polarizam a disputa pelo Planalto desde 1994. Para ela, a falta de diálogo entre eles leva o governo a depender de uma base parlamentar baseada no fisiologismo -a política da troca de favores.
Marina comparou a aliança PT-PMDB, que também apoia a candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff, à relação do governo Fernando Henrique Cardoso com o DEM. "O PSDB quis governar sozinho e ficou refém do DEM. E o PT quis governar sozinho e virou refém do PMDB", disse em palestra a estudantes: "É preciso que PT e PSDB tenham a maturidade de estabelecer um diálogo. Há questões que são estratégicas para o Brasil e não podem ser negligenciadas".
Marina defendeu um pacto de "governabilidade mínima" para que o vencedor das eleições monte uma base "mais qualificada, sem viés fisiológico". E classificou de ultrapassado o conceito de hegemonia do marxista Antonio Gramsci (1891-1937), referência teórica do PT: "Aquela visão não se coloca mais na realidade atual".
Ontem, Marina visitou a Feira de Caruaru acompanhada de uma claque bancada com dinheiro público. Anunciada nos alto-falantes como candidata a presidente, ela circulou entre as barracas escoltada por uma banda de pífanos e um grupo folclórico. Um dos músicos disse à Folha que a prefeitura local, do PDT, pagou R$ 30 a cada um. "Uma mixaria", reclamou.
O presidente da Fundação de Cultura de Caruaru, José Pereira, admitiu o uso da verba: "Foi uma atenção especial com a Marina. Gastamos R$ 500 ou R$ 600. O valor é tão insignificante que acho desnecessário você citar". Procurada, a assessoria de Marina diz que ela não sabia da contratação da claque.
Na caravana pelo agreste, Marina viajou num helicóptero que ficou à sua disposição por dois dias. O pré-candidato do PV a governador, Sérgio Xavier, disse que a viagem custou R$ 11 mil, pagos pelo partido.


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