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Lula virou refém do PMDB, afirma Marina
Pré-candidata do PV à Presidência critica a falta de diálogo entre PT e PSDB e defende um "realinhamento histórico"
Em Pernambuco, senadora visitou Caruaru com uma claque paga com dinheiro da prefeitura e teve o nome anunciado em alto-falantes
Joel Silva/Folha Imagem
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Senadora Marina Silva visita a feira de Caruaru acompanhada por um grupo de bacamarteiros
BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A CARUARU (PE)
A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva (PV),
acusou ontem o governo de ter
virado refém do PMDB por se
recusar a negociar com os adversários tucanos.
A senadora defendeu um
"realinhamento histórico" entre PT e PSDB, que polarizam a
disputa pelo Planalto desde
1994. Para ela, a falta de diálogo
entre eles leva o governo a depender de uma base parlamentar baseada no fisiologismo -a
política da troca de favores.
Marina comparou a aliança
PT-PMDB, que também apoia
a candidatura presidencial da
ministra Dilma Rousseff, à relação do governo Fernando
Henrique Cardoso com o DEM.
"O PSDB quis governar sozinho
e ficou refém do DEM. E o PT
quis governar sozinho e virou
refém do PMDB", disse em palestra a estudantes: "É preciso
que PT e PSDB tenham a maturidade de estabelecer um diálogo. Há questões que são estratégicas para o Brasil e não podem ser negligenciadas".
Marina defendeu um pacto
de "governabilidade mínima"
para que o vencedor das eleições monte uma base "mais
qualificada, sem viés fisiológico". E classificou de ultrapassado o conceito de hegemonia do
marxista Antonio Gramsci
(1891-1937), referência teórica
do PT: "Aquela visão não se coloca mais na realidade atual".
Ontem, Marina visitou a Feira de Caruaru acompanhada de
uma claque bancada com dinheiro público. Anunciada nos
alto-falantes como candidata a
presidente, ela circulou entre
as barracas escoltada por uma
banda de pífanos e um grupo
folclórico. Um dos músicos disse à Folha que a prefeitura local, do PDT, pagou R$ 30 a cada
um. "Uma mixaria", reclamou.
O presidente da Fundação de
Cultura de Caruaru, José Pereira, admitiu o uso da verba:
"Foi uma atenção especial com
a Marina. Gastamos R$ 500 ou
R$ 600. O valor é tão insignificante que acho desnecessário
você citar". Procurada, a assessoria de Marina diz que ela não
sabia da contratação da claque.
Na caravana pelo agreste,
Marina viajou num helicóptero
que ficou à sua disposição por
dois dias. O pré-candidato do
PV a governador, Sérgio Xavier, disse que a viagem custou
R$ 11 mil, pagos pelo partido.
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