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"Financial Times"
comenta alta de Lula em pesquisas
DA REDAÇÃO
O jornal britânico "Financial
Times" publicou ontem editorial sobre a percepção dos investidores estrangeiros com relação às eleições presidenciais
brasileiras, dizendo que "seria
um erro exagerar os riscos".
O "FT" cita a reação dos mercados à alta de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) nas pesquisas, relacionando o fato à alta nos juros pagos pelo Brasil em títulos
da dívida.
O jornal argumenta que o PT
no governo tende a ser mais
moderado "do que seus críticos esperam". Também lembra
que a campanha ainda não começou para valer e que o candidato da "continuidade centrista", José Serra (PSDB), ainda
pode "recuperar terreno". Leia
a seguir a íntegra do texto:
"Os riscos no Brasil
O Brasil está perto de dar uma guinada à esquerda? A campanha para
as eleições gerais em outubro mal
começou, mas até aqui as coisas não
estão indo nada bem para José Serra,
o candidato da continuidade centrista.
O sr. Serra, um aliado próximo do
presidente Fernando Henrique Cardoso, está patinando nas pesquisas
atrás de Luiz Inácio Lula da Silva, o
líder do esquerdista Partido dos Trabalhadores (PT). Nesta semana, novas pesquisas mostraram que o sr.
Da Silva, mais conhecido como "Lula", ampliou sua liderança. O resultado: um movimento de venda de títulos da dívida brasileira, com a diferença dos juros em relação a títulos
do Tesouro norte-americano, a
principal medida de risco político,
agora em mais de oito pontos percentuais.
Seria um erro exagerar os riscos.
Para começar, o sr. Da Silva, três vezes perdedor na disputa à Presidência, já esteve no passado até em mais
liderança nas pesquisas. Mesmo que
ele realmente ganhe, há motivos para acreditar que um governo do PT
se mostraria mais moderado no poder do que os críticos do partido esperam.
Apesar de que muitos seguidores
do PT fazem barulhos ferozmente
dogmáticos, a liderança do PT abandonou muito de sua retórica anticapitalista. Em várias cidades brasileiras, governantes do PT se mostraram bons administradores. Além
disso, as peculiaridades do sistema
eleitoral brasileiro fariam com que
um governo do PT provavelmente
precisasse fazer alianças com partidos mais moderados no Congresso
para governar efetivamente.
O sr. Serra tem tempo para recuperar o terreno perdido. De fato, ele
ainda vai lançar sua campanha principal, e seus índices de aprovação devem melhorar nos próximos meses,
conforme ele aumentar seu tempo
em propaganda na TV.
Na verdade, sua coalizão foi enfraquecida com a saída do Partido da
Frente Liberal (PFL), de direita. Mas
estrategistas do partido acreditam
que uma recente decisão da suprema corte torna mais difícil para o
PFL e vários partidos menores fazerem alianças, reduzindo sua capacidade de lançar campanhas presidenciais efetivas e aumentando as chances do sr. Serra. Se depois de tudo isso o relativamente não-carismático
sr. Serra, que às vezes lembra o rude
ex-líder socialista francês Lionel Jospin, ainda não conseguir se sobressair, a coalizão governista ainda terá
cerca de dois meses para escolher
uma alternativa.
Isso não significa que os investidores podem relaxar. O Brasil é hoje
um modelo de estabilidade em comparação a seus vizinhos e a seu passado e ainda se beneficia de baixa inflação e fortes fluxos de investimento
estrangeiro direto. Mas muitos brasileiros continuam desencantados
com as conquistas econômicas do
governo, um fato que ficou claro
com as quedas de popularidade do
próprio presidente Cardoso em pesquisas recentes.
Como eventos recentes na Argentina e na Venezuela mostraram, tal
indisposição popular pode às vezes
levar a uma volatilidade política bem
maior. O risco de uma insatisfação
política não pode ser descartado."
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