São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MANDATO INTERROMPIDO/OUTRO LADO

Prefeitos que foram obrigados a sair justificam atos e dizem sofrer perseguição

Cassados apontam erros da Justiça e culpam a oposição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ouvidos pela Folha, os prefeitos cassados foram unânimes em afirmar que a Justiça errou no caso deles e que houve uma ação revanchista da oposição derrotada para retirá-los dos cargos.
"Tem prefeito bandido, mas tem promotor e juiz mais bandido ainda", afirmou o ex-prefeito de Cambuquira (MG) Rubens Barros Santos (PL), cassado sob a acusação de uso de verbas do Bolsa-Escola para fazer propaganda.
Santos diz que a distribuição às famílias foi feita às vésperas das eleições porque o governo federal atrasou o repasse. "Havia uma carta dizendo que, se não fosse feita a distribuição em 30 dias, o repasse seria suspenso", disse.
Sobre o fato de ter distribuído às famílias cheques da prefeitura assinados por ele, Santos diz que não havia outra forma, naquela época, de fazer o repasse. "Fui absolvido na esfera criminal", acrescentou o ex-prefeito.
O ex-prefeito de Cajamar (SP) Antonio Carlos Oliveira Ribas de Andrade (PTB) confirmou ter escrito cinco bilhetes encaminhando pessoas à auto-escola, mas afirma que isso ocorreu antes do período eleitoral. Ele passou à reportagem documentos da auto-escola que provariam isso e que são objetos de recurso ainda não julgado e que tramita em Brasília.
"Houve um complô desta auto-escola com o atual prefeito", disse Andrade, acrescentando que os testemunhos contra ele foram forjados mediante pagamentos que teriam sido feitos por seus adversários políticos.

Tapetão
O ex-prefeito de Jussiape (BA) Sílio Luz Souza (PMDB) também atribuiu à oposição e a um erro da Justiça a sua cassação.
Ele nega ter mantido contato com a testemunha que afirma ter sido paga para votar nele.
"A oposição aproveitou-se desta senhora e quis ganhar no tapetão", disse o ex-prefeito de Jussiape, ressaltando ter vencido a eleição por 417 votos de diferença.
O advogado Luiz Cláudio Ferreira dos Reis, que prestou assessoria jurídica ao ex-prefeito de Matozinhos (MG), Adão Pereira Santos (PMN), afirmou que a única suspeita se relacionava à doação de uma cesta básica.
"Não ficou provada ligação do deputado com o prefeito, apesar de serem cunhados. Houve uma denúncia não devidamente apurada de [doação de] uma cesta básica, com a testemunha orientada pela oposição", disse.
A Folha ligou diversas vezes, durante a semana passada, para a casa do ex-prefeito de Campos Borges (RS) Olivan Antonio de Bortoli (PP). Deixou recados, explicando qual era o teor da reportagem. Uma mulher que não quis se identificar afirmou, após algumas ligações, que Bortoli não falaria com a reportagem.


Texto Anterior: Saiba mais: Senado quer derrubar lei anticorrupção
Próximo Texto: No AM, 3 afastados se mantêm no cargo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.