São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005

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Relator de recurso contra CPI diz ter "total isenção"

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado federal Inaldo Leitão (PL-PB) diz ter "completa isenção" para relatar o recurso anti-CPI, apesar de ter assinado o requerimento de criação da comissão e ter voltado atrás depois devido a pressão de seu partido.
"Teve uma parte que assinou o requerimento da CPI e é a favor. A outra, não assinou e é contra. Por esse critério não tem ninguém isento. Uns são a favor e outros são contra. Então, vamos achar um relator no outro mundo?"
Advogado, Inaldo, 53 é classificado por colegas como um político que não sabe ficar afastado do governo. Começou a carreira política no MDB (depois PMDB) e integrou o PSDB durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, em 2001.
Desde 2003, quando o PT ascendeu ao poder, Inaldo se transferiu para o PL, partido do vice-presidente José Alencar. Deputados governistas dizem que Inaldo seria maleável para não causar surpresas ao governo. O deputado nega qualquer tipo de submissão.

 

Folha - Qual a sua posição sobre a CPI?
Inaldo Leitão -
Quero tratar desse assunto com muito cuidado porque é uma matéria técnica. Vamos estabelecer um precedente e firmar uma posição da CCJ sobre o que é um fato determinado. Não podemos brincar nem especular com esse tipo de assunto.

Folha - O sr. sofreu pressão do governo?
Inaldo -
Ninguém do governo me procurou nem adianta procurar porque essa é uma questão técnica. Procurar para quê? Para dizer o quê?

Folha - Mas o sr. acha que tem a isenção necessária já que apoiou a CPI e depois voltou atrás?
Inaldo -
Na Casa são 513 deputados. Teve uma parte que assinou o requerimento da CPI e é a favor. A outra, não assinou e é contra. Por esse critério não tem ninguém isento. Uns são a favor e outros são contra. Então, vamos achar um relator no outro mundo?

Folha - O sr. retirou, então é contra?
Inaldo -
Eu assinei dando apoio, não entrei no mérito da CPI. Depois que a questão se partidarizou, tomou um contorno político muito forte, aí a bancada se reuniu e recomendou a retirada da assinatura. Eu fiz questão de, no primeiro momento, retirar minha assinatura. Para evitar especulação de que eu estava eventualmente querendo barganhar alguma coisa. Não faço isso. Minha isenção é completa.


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