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GOVERNO SOB PRESSÃO
Para governistas, enquanto oposicionistas montam uma orquestra, aliados parecem uma fanfarra; líderes querem encontro com Lula
Oposição é mais ágil que governo, diz base
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Os líderes da base aliada no Senado chegaram à conclusão de
que a oposição está muito mais
articulada politicamente e fizeram uma reunião ontem para tentar mudar esse quadro. Nas palavras de um dos líderes, a oposição
conseguiu montar uma orquestra
com maestro, enquanto o governo está parecendo uma fanfarra.
A preocupação dos aliados surge em meio à criação da CPI dos
Correios. O objetivo dessa comissão é investigar suposto caso de
corrupção nessa estatal.
A reunião ocorreu em almoço
na liderança do PMDB e surgiu de
conversa entre o líder do governo,
senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o líder do PT, senador Delcídio Amaral (MS), e o do PMDB,
senador Ney Suassuna (PB).
No almoço, Mercadante reclamou que senadores da base assinaram o pedido de criação da CPI
sem consultá-lo e se queixou de
que muitos não aparecem para
votar nas comissões e no plenário.
Os líderes cobraram um encontro com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, e Mercadante prometeu marcá-lo. "Acho legítimo e
isso deve acontecer com mais freqüência", afirmou.
O líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra
(PTB-RN), alertou para a necessidade de parlamentares comparecerem a sessões, sob pena de a
oposição não deixar aprovar a Lei
de Diretrizes Orçamentárias.
Os líderes querem ainda de Lula
demonstração de que é contrário
à instalação de uma CPI. O porta-voz foi o líder do PP na Câmara,
José Janene (PR). Numa reunião
dos aliados com o líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), Janene estranhou que
até agora ninguém tenha pedido
articulação contra a CPI.
Mercadante ouviu que o tratamento dispensado pelos ministros aos líderes aliados é "humilhante". Reclamaram mais uma
vez de que não conseguem falar
com ministros nem pelo telefone.
Jefferson
Incomodada com a exposição
do partido, uma ala petebista já
defende, publicamente, a idéia de
que Roberto Jefferson (RJ) se licencie da presidência do PTB. Sob
o argumento de que a imagem do
partido está sendo abalada, um
grupo de deputados já apresentou
a proposta ao líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE), que a rechaçou. Mas a pressão continua.
"Sou favorável a que ele peça licença. Todos que estão no PTB
estão sendo estigmatizados", disse Vicente Cascione (SP), vice-líder do governo. Lamentando que
associem a crise ao PTB, Cascione
minimiza sua opinião alegando
que não tem tanta presença partidária. Outros parlamentares, porém, endossam seus argumentos.
Em reunião na terça, a deputada
Eliane Costa (RJ) manifestou sua
preocupação com a imagem do
partido. Frisando que a decisão
cabe a Jefferson, diz que "a bancada passa por uma situação difícil".
E admite que a permanência do
deputado na presidência "afeta
mais a imagem do PTB".
O comando do PTB tem apelado para a sensibilidade dos parlamentares. Segundo petebistas ligados a Jefferson, ele passa por
momento delicado. Chegou a comentar que, no aeroporto do Rio,
suas malas foram abertas pela Polícia Federal. Embora isso tenha
ocorrido com os demais passageiros, ele confessou a parlamentares
que se sentiu perseguido.
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