São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005

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Ida de militares a Paris custará R$ 3 mi

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto mulheres de militares promovem uma seqüência de protestos por reajuste dos salários das Forças Armadas, prometido no ano passado e não-cumprido pelo governo federal, o Palácio do Planalto vai desembolsar cerca de R$ 3 milhões para que integrantes de Marinha, Exército e Aeronáutica desfilem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento marcado para 14 de julho, na capital francesa, Paris.
Na data, o presidente brasileiro estará ao lado do colega francês, Jacques Chirac, em parada militar organizada para comemorar o Dia Nacional da França. Neste ano, o governo francês promove, por meio de eventos turísticos e culturais, o chamado Ano do Brasil na França.
O volume de recursos (cerca de US$ 1,2 milhão, o equivalente a quase R$ 3 milhões), porém, é insuficiente para atender o desejo dos militares que vão abrir a parada em Paris. Por exemplo: apenas metade da formação de tradicional banda da Marinha será deslocada à França.
O pacote destinado pelo Planalto ao evento francês é composto pelo envio de 110 cadetes da Academia Militar do Exército de Agulhas Negras e 75 integrantes da Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais, além de pilotos e de sete Tucanos da Esquadrilha da Fumaça da FAB (Força Aérea Brasileira), que, durante o desfile, farão sobrevôo (sem manobras) na capital francesa.
Os custos do governo brasileiro por conta do desfile também incluem o deslocamento de três aeronaves da FAB a Paris -uma (Hércules) para acompanhar, sobre o Atlântico, os sete turboélices da Esquadrilha da Fumaça e outros dois Boeings para o transporte dos militares.
Por conta da importância do evento para os franceses -que marca a queda da prisão da Bastilha, marco da Revolução Francesa (1789)-, os militares serão obrigados a passar por seis baterias de treinamento para o desfile.
Devido a isso, a representação militar brasileira chegará a Paris oito dias antes do evento oficial. A previsão é que o presidente Lula fique na França do dia 13 ao dia 16 de julho.
O envio dos militares ao desfile francês ocorre no momento em que o Palácio do Planalto enfrenta mais um desgaste com os comandos das Forças Armadas justamente por ter admitido que não tem recursos para reajustar neste ano o salários dos militares. A única opção é um amplo recuo do déficit da Previdência.
No ano passado, depois de uma série de protestos encabeçados por mulheres de militares, o governo federal se comprometeu a reajustar o salário dos integrantes das Forças Armadas em duas parcelas. Como 10% foram antecipados em setembro passado, o restante (20%, mais a correção pela inflação) ficou para 2005.
Neste ano, mulheres de militares têm organizado seguidos protestos em Brasília. Anteontem, por exemplo, promoveram apitaços e bloquearam uma avenida em frente ao Palácio do Planalto. Há um mês, um grupo delas está acampado ao lado do Congresso.


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