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Ida de militares a Paris custará R$ 3 mi
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto mulheres de militares
promovem uma seqüência de
protestos por reajuste dos salários
das Forças Armadas, prometido
no ano passado e não-cumprido
pelo governo federal, o Palácio do
Planalto vai desembolsar cerca de
R$ 3 milhões para que integrantes
de Marinha, Exército e Aeronáutica desfilem para o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em evento marcado para 14 de julho, na
capital francesa, Paris.
Na data, o presidente brasileiro
estará ao lado do colega francês,
Jacques Chirac, em parada militar
organizada para comemorar o
Dia Nacional da França. Neste
ano, o governo francês promove,
por meio de eventos turísticos e
culturais, o chamado Ano do Brasil na França.
O volume de recursos (cerca de
US$ 1,2 milhão, o equivalente a
quase R$ 3 milhões), porém, é insuficiente para atender o desejo
dos militares que vão abrir a parada em Paris. Por exemplo: apenas
metade da formação de tradicional banda da Marinha será deslocada à França.
O pacote destinado pelo Planalto ao evento francês é composto
pelo envio de 110 cadetes da Academia Militar do Exército de Agulhas Negras e 75 integrantes da
Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais, além de pilotos e de
sete Tucanos da Esquadrilha da
Fumaça da FAB (Força Aérea
Brasileira), que, durante o desfile,
farão sobrevôo (sem manobras)
na capital francesa.
Os custos do governo brasileiro
por conta do desfile também incluem o deslocamento de três aeronaves da FAB a Paris -uma
(Hércules) para acompanhar, sobre o Atlântico, os sete turboélices
da Esquadrilha da Fumaça e outros dois Boeings para o transporte dos militares.
Por conta da importância do
evento para os franceses -que
marca a queda da prisão da Bastilha, marco da Revolução Francesa
(1789)-, os militares serão obrigados a passar por seis baterias de
treinamento para o desfile.
Devido a isso, a representação
militar brasileira chegará a Paris
oito dias antes do evento oficial. A
previsão é que o presidente Lula
fique na França do dia 13 ao dia 16
de julho.
O envio dos militares ao desfile
francês ocorre no momento em
que o Palácio do Planalto enfrenta
mais um desgaste com os comandos das Forças Armadas justamente por ter admitido que não
tem recursos para reajustar neste
ano o salários dos militares. A
única opção é um amplo recuo do
déficit da Previdência.
No ano passado, depois de uma
série de protestos encabeçados
por mulheres de militares, o governo federal se comprometeu a
reajustar o salário dos integrantes
das Forças Armadas em duas parcelas. Como 10% foram antecipados em setembro passado, o restante (20%, mais a correção pela
inflação) ficou para 2005.
Neste ano, mulheres de militares têm organizado seguidos protestos em Brasília. Anteontem,
por exemplo, promoveram apitaços e bloquearam uma avenida
em frente ao Palácio do Planalto.
Há um mês, um grupo delas está
acampado ao lado do Congresso.
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