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Programas de Lula estão quase parados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Vão devagar, quase parando
neste ano, parte dos programas
listados entre as "principais iniciativas" do governo Lula para
combater os maiores problemas
sociais do país reunidos no "Radar Social", publicação divulgada
ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
É o caso do programa Saneamento Ambiental Urbano, cujas
ações estão sob responsabilidade
dos ministérios da Saúde e das Cidades. Dos R$ 932 milhões de gastos autorizados por lei neste ano,
apenas 0,75% havia saído do papel até 20 de maio.
Pesquisa no Siafi (sistema de
acompanhamento de gastos da
União) mostra outras das "principais iniciativas" com desempenho ainda pior. O programa Habitação de Interesse Social, por
exemplo, encontra-se paralisado.
E dos R$ 637 milhões destinados
por lei aos programas de educação de jovens e adultos, apenas
0,16% havia sido gasto em quase
cinco meses. O Sistema Único de
Segurança Público gastou 1,83%
dos R$ 421 milhões autorizados.
Questionado sobre o baixo desempenho de programas destinados a melhorar os indicadores sociais, o ministro Paulo Bernardo
(Planejamento) disse que não tivera a oportunidade de ler o estudo do Ipea, divulgado ontem junto com a lista das iniciativas do
governo. Disse esperar, no entanto, que os documentos influenciem as políticas públicas.
A publicação do Ipea pretende
permitir o acompanhamento dos
principais indicadores sociais do
país. Nesse primeiro número, os
dados (veja no quadro) não refletem o desempenho do governo na
área social. Os dados mais recentes apresentados no estudo são de
2003, antes do primeiro ano de
mandato do presidente Lula terminar. Alguns são de 2002, como
no caso das informações sobre
mortalidade infantil e materna.
No capítulo Saúde, o "Radar"
mostra que, nos últimos 20 anos,
cresceram mais as mortes por tumores, período em que caiu o
percentual de mortes por doenças
infecciosas. Pouco mais atualizada, outra série de dados mostra o
crescimento dos casos de mortes
por homicídio, de 24,8% para
29,1%, até se tornarem a principal
causa de morte entre homens de
15 e 39 anos. Esse é, aliás, um dos
principais problemas apontados
pelo Ipea na área de Segurança.
O "Radar Social" não arrisca nenhuma evolução para o principal
indicador de pobreza. Com base
na Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios), divulgada em setembro de 2003, o documento aponta a existência de 53,9
milhões de pobres no país, com
renda abaixo de meio salário mínimo. Desses, 21,9 milhões seriam
indigentes e viveriam em domicílios com renda por pessoa inferior
a um quarto do mínimo.
Embora os números do "Radar" não reflitam o desempenho
na área social, o documento se
preocupa em listar mais de 70
ações como as principais iniciativas para combater os problemas.
A lista, disponível em www.planejamento.gov.br, começa pela
política de crescimento econômico e pela recuperação dos investimentos públicos via Parcerias Público-Privadas, por meio das
quais o Estado garante parte do
risco dos empreendedores privados em obras de infra-estrutura.
O crescimento econômico desacelerou, segundo os números divulgados na véspera pelo IBGE. O
primeiro edital das PPPs é esperado para o segundo semestre.
O Ipea quer atualizar o "Radar"
a cada dois anos. O próximo número sairá após encerrado o atual
mandato presidencial.
(MS)
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