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SUCESSÃO
Na análise do mercado, queda de FHC foi maior do que a esperada
Crescimento de Lula faz
Bolsa de SP cair 2,44%
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
A aproximação entre Luiz
Inácio Lula da
Silva (PT) e o
presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) na mais
recente pesquisa Datafolha fez a
Bolsa de Valores de São Paulo cair
até 3,66% ontem e terminar o dia
em baixa de 2,44%. Na sexta, os
boatos sobre a pesquisa já haviam
derrubado o mercado 3%.
"Os investidores vinham percebendo uma queda nas intenções
de voto no presidente Fernando
Henrique. Mas o ritmo foi acima
do esperado", disse Manuel Maceira, do banco Tendência.
Sob o impacto da pesquisa, os
investidores passaram a projetar
no mercado futuro juros anuais de
33% nos contratos de "swap"
(troca de taxas de juros) de um
ano. No fechamento, os juros bateram em 31%, contra 29,5% de
sexta-feira. Os juros básicos fixados pelo Banco Central estão em
21,75% ao ano. Ou seja, o mercado
espera uma alta nos juros.
As projeções de desvalorização
cambial do mercado futuro também subiram, de 1,10% ao mês para 1,17% em junho. "A pesquisa
do Datafolha, quando se confirmou, aumentou as incertezas do
mercado", disse Rubens Sardenberg, economista da Linear.
Segundo analista do Morgan
Stanley Dean Witter que preferiu
não se identificar, os investidores
estrangeiros não mudaram sua visão de risco do país por causa da
pesquisa Datafolha. Ele lembrou
que Lula também teve momentos
favoráveis em 94, mas nem por isso ganhou as eleições.
Os títulos da dívida externa brasileira renegociada, por exemplo,
caíram de 78% do valor de face na
quinta-feira para 76,88% na sexta-feira diante dos boatos sobre a
pesquisa do Datafolha. Ontem,
caíram até 75,875%, mas fecharam em 77,125%.
Também não houve saída brusca
de recursos dos país. Até as 18h,
haviam saído US$ 45 milhões,
abaixo da média de US$ 75 milhões verificada no mês passado.
A desvalorização da Bolsa paulista só não foi maior ontem porque o mercado financeiro acredita
que a pesquisa de sábado mostra
um dos piores momentos da campanha de FHC. "Salvo surpresas,
Fernando Henrique Cardoso deve
voltar a ganhar popularidade. A
hipótese de o presidente perder as
eleições continua completamente
descartada pelo mercado."
O cenário externo ajudou a puxar as cotações das ações negociadas na Bolsa paulista para baixo,
com a Bolsa da Rússia caindo cerca de 10%, queda no Japão e na
Europa. Mas a alta, embora pequena (0,25%) em Nova York, impediu tombos maiores em São
Paulo. Um analista acredita que o
governo brasileiro tenha entrado
no mercado, comprando ações
por intermédio da BNDESPar e de
fundações, para melhorar as expectativas dos investidores.
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