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PSDB quer ganhar no tapetão, diz Lula
Presidente defende Sarney e diz que só os tucanos seriam beneficiados com afastamento do peemedebista
Lula afirma que "isso não faz parte do jogo democrático: se o PSDB queria o Senado, deveria ter indicado um candidato e disputado"
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A SIRTE (LÍBIA)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve ontem sua
defesa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e
acusou a oposição de querer ganhar o cargo "no tapetão".
Apesar do crescente isolamento de Sarney, Lula afirmou
ser contrário a seu afastamento
temporário da presidência do
Senado. "O DEM e o PSDB querem que Sarney se afaste para
Marconi Perillo [PSDB-GO] assumir, o que não é nenhuma
vantagem para ninguém", disse
Lula na cidade líbia de Sirte,
onde participou da reunião de
cúpula da União Africana.
Para Lula, os únicos beneficiados com o afastamento de
Sarney seriam Perillo, vice-presidente do Senado, e o
PSDB, "que querem ganhar o
Senado no tapetão".
"Assim não é possível. Isso
não faz parte do jogo democrático. Se o PSDB queria o Senado, deveria ter indicado um
candidato e disputado. Se o
PFL [hoje DEM] quisesse, não
deveria ter apoiado o Sarney",
afirmou o presidente. "O que é
preciso é voltar à normalidade
e discutir as coisas substanciais
que interessam ao Brasil."
No dia anterior, ao chegar à
capital da Líbia, Lula já havia
advertido que a crise no Senado
ameaçava paralisar o país, impedindo a votação de medidas
de combate à crise econômica.
Ontem ele manteve a posição.
"Tem coisas importantes para serem votadas na Câmara e
no Senado. O importante para o
governo é que se vote o que tiver de votar, que se apure o que
tiver de apurar, e vamos fazer o
barco voltar a funcionar, porque o Brasil não pode ficar esperando", afirmou Lula.
"Problema do Senado"
Em seguida, questionado se a
saída temporária de Sarney da
presidência do Senado não serviria para melhorar o clima político e permitir a condução de
uma investigação sobre os escândalos, Lula pareceu recuar:
"Este é um problema do Senado. O Executivo não dá palpite
sobre isso. Para ser senador,
tem de ter mais de 35 anos de
idade. Com 35 anos de idade eu
praticamente já tinha 20 anos
de contribuição social", disse.
A defesa da não interferência
contrasta com as seguidas declarações de Lula nas últimas
semanas em defesa de Sarney.
Antes de acusar a oposição, o
presidente já havia culpado a
imprensa, chamando as revelações de atos secretos e nepotismo de "denuncismo".
Ele chegou a defender um
tratamento diferenciado para
Sarney, dizendo que o ex-presidente não deveria ser considerado uma pessoa comum. Ontem, disse que é hora de os senadores trabalharem: "Que tomem a decisão que tiverem de
tomar. Mas, pelo amor de Deus,
que trabalhem, para que o Senado funcione corretamente e
não paralise as coisas que estão
lá para serem votadas", pediu.
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