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FHC comemora "recuperada" de tucano
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A JOHANNESBURGO
O presidente Fernando Henrique Cardoso comemorou como
se fosse também sua e dos tucanos em geral a recuperação da
candidatura José Serra (PSDB) à
Presidência, num telefonema internacional de seu assessor especial Fábio Feldmann (PSDB-SP).
Falando do Brasil no sábado,
antes de embarcar para Johannesburgo, onde chegou ontem, FHC
disse a Feldmann, que já havia
chegado à cidade: "Você já soube
do Datafolha?". Feldmann disse
que sim. E FHC, no plural: "Nós
demos uma boa recuperada".
Os dois estão na África do Sul
para a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+10) e, com o diálogo, comemoravam o resultado da última
pesquisa do Datafolha, registrando o empate técnico no segundo
lugar entre Serra (19%) e Ciro Gomes, do PPS (20%).
No vôo para Johannesburgo,
FHC e os presidentes da Câmara,
Aécio Neves (PSDB), e do Senado,
Ramez Tebet (PMDB), conversaram sobre a reviravolta na eleição,
mas decidiram ser cautelosos nas
manifestações à imprensa.
Ontem FHC não fez nenhum
comentário com os jornalistas.
Perdeu, assim, uma boa chance
de declarar pública e enfaticamente uma eventual satisfação
com as novas chances de Serra.
"Bola rolando"
Para Aécio Neves, que lidera a
disputa pelo governo de Minas, a
perspectiva mais favorável a Serra
"vai gerar mais engajamento, é
natural". Quis dizer, com isso, que
os candidatos e as bases do PSDB
e do PMDB nos Estados vão querer trabalhar pelo candidato.
Até agora, o apoio era tímido,
mas Aécio acha que deve crescer
e, como as duas siglas têm estrutura em todos os Estados, será um
instrumento poderoso pró-Serra.
Aécio considera os índices de
Serra "uma tendência" e evitou
cantar vitória. Segundo ele, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) tem uma
posição consolidada em primeiro
e "a bola está rolando, não há definições". Por isso, "o candidato
que passar sinceridade e confiança tem grandes chances".
Disse que a posição dos tucanos
nunca foi fácil, mas isso não significa que Serra tenha sido desprezado quando estava em baixa:
"Ninguém nunca jogou a toalha".
Ele declarou "apoio integral" ao
tucano: "Meu candidato é um só,
é para ele que faço campanha, é
dele que falo nos meus comícios",
disse Aécio, que é apoiado por líderes mineiros que têm outros
candidatos ao Planalto. E se disse
contra uma campanha em que os
candidatos troquem "dossiês" e
se xinguem de "ladrão": "Isso é
uma prática velha, superada".
Aécio defendeu a posição do ex-governador Tasso Jereissati (CE),
que apóia explicitamente Ciro:
"Não sou juiz para julgar ninguém", disse, analisando que é
melhor uma posição aberta, como agora, do que dúbia.
ACM na "periferia"
Aos 42 anos e uma das lideranças emergentes na política nacional, Aécio acha que "esta eleição
vira o ciclo de uma geração", pois
os velhos líderes estão entrando
no ocaso: "Muitos até voltam,
mas na periferia do poder. Não
serão mais o centro irradiador".
Admitiu que se referia inclusive
ao ex-senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), que deve
ser novamente eleito: "É uma liderança mais regional, não é mais
o mesmo que foi no passado".
E ampliou o leque: "É só fazer
um passeio pela geografia do poder. Começa no Norte, passa pelo
Nordeste, e é uma mudança de
geração que não é só etária, é de
prática política". No Norte, o ex-senador Jader Barbalho é candidato ao Senado.
Tebet, que disputa a reeleição ao
Senado, telefonou para sua casa
no Brasil, onde almoçavam cerca
de 20 pessoas, e relatou como a
pesquisa havia sido recebida: "Só
se fala nisso. Está uma festa".
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