São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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FHC comemora "recuperada" de tucano

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A JOHANNESBURGO

O presidente Fernando Henrique Cardoso comemorou como se fosse também sua e dos tucanos em geral a recuperação da candidatura José Serra (PSDB) à Presidência, num telefonema internacional de seu assessor especial Fábio Feldmann (PSDB-SP).
Falando do Brasil no sábado, antes de embarcar para Johannesburgo, onde chegou ontem, FHC disse a Feldmann, que já havia chegado à cidade: "Você já soube do Datafolha?". Feldmann disse que sim. E FHC, no plural: "Nós demos uma boa recuperada".
Os dois estão na África do Sul para a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) e, com o diálogo, comemoravam o resultado da última pesquisa do Datafolha, registrando o empate técnico no segundo lugar entre Serra (19%) e Ciro Gomes, do PPS (20%).
No vôo para Johannesburgo, FHC e os presidentes da Câmara, Aécio Neves (PSDB), e do Senado, Ramez Tebet (PMDB), conversaram sobre a reviravolta na eleição, mas decidiram ser cautelosos nas manifestações à imprensa.
Ontem FHC não fez nenhum comentário com os jornalistas. Perdeu, assim, uma boa chance de declarar pública e enfaticamente uma eventual satisfação com as novas chances de Serra.

"Bola rolando"
Para Aécio Neves, que lidera a disputa pelo governo de Minas, a perspectiva mais favorável a Serra "vai gerar mais engajamento, é natural". Quis dizer, com isso, que os candidatos e as bases do PSDB e do PMDB nos Estados vão querer trabalhar pelo candidato.
Até agora, o apoio era tímido, mas Aécio acha que deve crescer e, como as duas siglas têm estrutura em todos os Estados, será um instrumento poderoso pró-Serra.
Aécio considera os índices de Serra "uma tendência" e evitou cantar vitória. Segundo ele, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem uma posição consolidada em primeiro e "a bola está rolando, não há definições". Por isso, "o candidato que passar sinceridade e confiança tem grandes chances".
Disse que a posição dos tucanos nunca foi fácil, mas isso não significa que Serra tenha sido desprezado quando estava em baixa: "Ninguém nunca jogou a toalha".
Ele declarou "apoio integral" ao tucano: "Meu candidato é um só, é para ele que faço campanha, é dele que falo nos meus comícios", disse Aécio, que é apoiado por líderes mineiros que têm outros candidatos ao Planalto. E se disse contra uma campanha em que os candidatos troquem "dossiês" e se xinguem de "ladrão": "Isso é uma prática velha, superada".
Aécio defendeu a posição do ex-governador Tasso Jereissati (CE), que apóia explicitamente Ciro: "Não sou juiz para julgar ninguém", disse, analisando que é melhor uma posição aberta, como agora, do que dúbia.

ACM na "periferia"
Aos 42 anos e uma das lideranças emergentes na política nacional, Aécio acha que "esta eleição vira o ciclo de uma geração", pois os velhos líderes estão entrando no ocaso: "Muitos até voltam, mas na periferia do poder. Não serão mais o centro irradiador".
Admitiu que se referia inclusive ao ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que deve ser novamente eleito: "É uma liderança mais regional, não é mais o mesmo que foi no passado".
E ampliou o leque: "É só fazer um passeio pela geografia do poder. Começa no Norte, passa pelo Nordeste, e é uma mudança de geração que não é só etária, é de prática política". No Norte, o ex-senador Jader Barbalho é candidato ao Senado.
Tebet, que disputa a reeleição ao Senado, telefonou para sua casa no Brasil, onde almoçavam cerca de 20 pessoas, e relatou como a pesquisa havia sido recebida: "Só se fala nisso. Está uma festa".


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