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QUESTÃO AGRÁRIA
Polícia temia falta de acordo entre o governo e os sem-terra na reunião no Palácio da Alvorada
PF envia agentes para fazenda em Buritis
ANDRÉA MICHAEL
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal mandou ontem um grupo de oito homens do
Comando de Operações Táticas
para garantir a segurança na fazenda Córrego da Ponte, dos filhos do presidente Fernando
Henrique Cardoso, em Buritis.
A medida adotada pela PF foi
preventiva devido às incertezas
sobre o resultado da reunião que
estava marcada para ontem à noite, no Palácio da Alvorada.
No encontro estariam o presidente Fernando Henrique, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, representantes do Conic (Conselho Nacional
das Igrejas Cristãs), da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) e da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil).
A proposta da CNBB, apresentada pelo presidente da entidade,
d. Jayme Chemello, sugere que o
governo libere R$ 1.500 para 110
mil famílias de assentados a juros
de 3% ao ano e desconto de 40%
do valor total. O MST vinha pedindo a concessão de linhas de
crédito de R$ 2.000 aos assentados, com juros anuais de 1,15% e
desconto de 40% sobre o valor.
Integrantes do movimento passaram o final de semana em compasso de espera. A orientação da
coordenação geral do MST era
aguardar o resultado da conversa
com o presidente para só depois
decidir a estratégia de mobilização dos militantes no país.
A maior preocupação de Gilberto Portes de Oliveira, um dos
coordenadores do MST, era desfazer os boatos de que o movimento estaria preparando, para o
final de semana, um novo acampamento nas proximidades da fazenda Córrego da Ponte.
"Ou os arapongas do governo
estão muito mal informados, ou o
governo está tentando criar um
fato para justificar uma negativa
para as nossas reivindicações durante a reunião de domingo (ontem) à noite", disse Oliveira.
A declaração era uma tentativa
de reagir às pressões que os líderes do movimento vinham sofrendo desde sexta-feira, quando
o ministro da Justiça, José Gregori, enviou um pedido para o governador de Minas Gerais, Itamar
Franco, de envio de tropas da Polícia Militar para a fazenda.
Frente à negativa do governador, o ministro acionou o reforço
da PF. O Coti é a tropa de elite da
Polícia Federal. O grupo enviado
vai incrementar o esquema de
monitoramento mantido na fazenda desde o dia 15 do mês passado, quando os sem-terra acamparam nas proximidades do local,
na última onda de invasões do
MST. Desde então, a PF mantém
pelo menos três agentes de plantão para vigiar a fazenda.
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