São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

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QUESTÃO AGRÁRIA
Polícia temia falta de acordo entre o governo e os sem-terra na reunião no Palácio da Alvorada
PF envia agentes para fazenda em Buritis

ANDRÉA MICHAEL
JULIANNA SOFIA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal mandou ontem um grupo de oito homens do Comando de Operações Táticas para garantir a segurança na fazenda Córrego da Ponte, dos filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso, em Buritis.
A medida adotada pela PF foi preventiva devido às incertezas sobre o resultado da reunião que estava marcada para ontem à noite, no Palácio da Alvorada.
No encontro estariam o presidente Fernando Henrique, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, representantes do Conic (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs), da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
A proposta da CNBB, apresentada pelo presidente da entidade, d. Jayme Chemello, sugere que o governo libere R$ 1.500 para 110 mil famílias de assentados a juros de 3% ao ano e desconto de 40% do valor total. O MST vinha pedindo a concessão de linhas de crédito de R$ 2.000 aos assentados, com juros anuais de 1,15% e desconto de 40% sobre o valor.
Integrantes do movimento passaram o final de semana em compasso de espera. A orientação da coordenação geral do MST era aguardar o resultado da conversa com o presidente para só depois decidir a estratégia de mobilização dos militantes no país.
A maior preocupação de Gilberto Portes de Oliveira, um dos coordenadores do MST, era desfazer os boatos de que o movimento estaria preparando, para o final de semana, um novo acampamento nas proximidades da fazenda Córrego da Ponte.
"Ou os arapongas do governo estão muito mal informados, ou o governo está tentando criar um fato para justificar uma negativa para as nossas reivindicações durante a reunião de domingo (ontem) à noite", disse Oliveira.
A declaração era uma tentativa de reagir às pressões que os líderes do movimento vinham sofrendo desde sexta-feira, quando o ministro da Justiça, José Gregori, enviou um pedido para o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, de envio de tropas da Polícia Militar para a fazenda.
Frente à negativa do governador, o ministro acionou o reforço da PF. O Coti é a tropa de elite da Polícia Federal. O grupo enviado vai incrementar o esquema de monitoramento mantido na fazenda desde o dia 15 do mês passado, quando os sem-terra acamparam nas proximidades do local, na última onda de invasões do MST. Desde então, a PF mantém pelo menos três agentes de plantão para vigiar a fazenda.


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