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SÃO PAULO
Prefeito eleito admite que irá falar com o presidente para tratar das finanças da cidade
Serra diz que "será um prazer" negociar dívida de SP com Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito eleito de São Paulo,
José Serra (PSDB), admitiu ontem
que pretende conversar com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a saúde financeira da cidade. Questionado se procuraria
o presidente para discutir a dívida, Serra disse que "será um prazer" negociar com Lula.
"Pretendo conversar, sim, com
o presidente. Creio que não haverá dificuldade de tratar com ele os
problemas que envolvem a nossa
cidade, econômico, financeiro, de
investimento etc. Será um prazer.
Quero dizer que sempre mantive
com o presidente Lula relações
bastante cordiais", disse. Derrotado por Lula em 2002, Serra não fala com o presidente desde então.
Segundo tucanos afinados com
Serra -como o deputado Alberto Goldman e o presidente municipal do PSDB, Edson Aparecido-, a idéia é convocar prefeitos
com dívida com a União para
buscar saída com o governo.
O prefeito do Rio, Cesar Maia
(PFL), explica que a intenção é
"colocar a bola no chão, trocar informações entre grandes municípios -com o PT também- e, aí,
então decidir com agir".
Apesar de toda a discussão sobre a dívida, Serra admitiu que
sua maior preocupação é com o
déficit do município: a diferença
entre o que se gasta e o que se arrecada. Em 2002, disse ele, as despesas excederam a receita em R$
250 milhões. No ano passado, "foram mais de R$ 500 milhões e, em
2004, caminhávamos para mais
de R$ 1 bilhão".
"Quero crer, até para não atingir
a Lei de Responsabilidade Fiscal,
que a prefeitura vá até o fim de
ano adotar medidas de austeridade fortes. Austeridade de verdade.
Não o atraso de pagamentos."
Serra pede a Marta que contenha os custos desde já, porque, se
a prefeitura assumir despesas que
não possa honrar em 2004, elas
serão herdadas no ano que vem
(inscritas em restos a pagar).
Os principais colaboradores de
Serra ao longo da campanha
adiantam que, para conter o déficit, o prefeito eleito deverá rever
os contratos com fornecedores.
Em campanha, o próprio Serra
prometeu reduzir os preços aplicados pela prefeitura.
Aparecido deixou isso claro ao
falar da situação financeira da administração. "A dívida é a grande
questão. O déficit, ele mesmo vai
reduzir, com a revisão de contratos e corte de gastos. Agora, a dívida vai depender da relação com o
governo", disse Aparecido.
Apontado como o coordenador
da transição, o ex-ministro Clóvis
Carvalho lista instrumentos aos
quais Serra poderá recorrer para
contenção de despesas. Como
exemplo, ele menciona o leilão
adotado pelo governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), em que
os credores que oferecerem maior
abatimento na dívida têm preferência na hora do pagamento.
Outra medida que deverá ser
implantada é o leilão eletrônico
para as futuras compras, a exemplo do governo do Estado. "Os
instrumentos estão aí", disse Carvalho, afirmando que a discussão
da Lei de Responsabilidade Fiscal
caberá à área econômica.
Tanto Serra como Carvalho
afirmam ter a informação de que
a prefeitura já está atrasando os
pagamentos. "Sabemos que há
muito atraso de pagamento, que a
gente ouve falar", disse Serra.
A prefeitura
A Secretaria de Finanças da prefeitura diz que não há atrasos. De
acordo com a assessoria de imprensa, "a prefeitura está cumprindo todos os contratos firmados, de acordo com uma programação financeira", de até 45 dias
depois da prestação de serviços.
Após a prestação do serviço, a
prefeitura verifica se foi tudo
cumprido conforme o acertado.
Depois disso, é enviada a determinação de pagamento para a Secretaria de Finanças, que coloca o
fornecedor em uma fila e informa
quando ele vai receber. Segundo a
assessoria, todos têm recebido no
prazo que foi informado.
Outra preocupação exposta por
Serra está na previsão de receita
em 2005. Segundo ele, o Orçamento "apresenta um crescimento com relação a este acima da inflação e do crescimento da economia". "Vamos ter que mergulhar
dentro do Orçamento", disse ele.
(CATIA SEABRA e RICARDO BRANDT)
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