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Sondada, Marta prefere quarentena a ministério
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A prefeita Marta Suplicy (PT)
recusou uma sondagem feita por
emissários do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para ocupar
um ministério no curto prazo.
Derrotada pelo ex-ministro da
Saúde José Serra (PSDB) anteontem, Marta foi cotada para uma
pasta na área social como alternativa em caso de fracasso eleitoral.
A interlocutores, Marta deu sinais de que submergirá por alguns meses depois de conduzir
uma transição civilizada com Serra, a quem transmitirá o cargo em
1º de janeiro de 2005.
Após um provável período de
submersão de seis meses, ela analisaria o que fazer. A prefeita poderia mirar na eleição estadual de
2006 em SP -um pleito no qual o
líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), é hoje, o
primeiro da fila no partido.
De acordo com auxiliares da
prefeita, ela poderia ainda ingressar na administração Lula ou até
mesmo disputar novamente um
mandato de deputada federal, hipóteses que a agradam menos.
Marta avalia que saiu da campanha deixando uma imagem positiva de sua administração (na pesquisa Datafolha feita nos dias 7 e 8
de outubro, 48% dos paulistanos
consideravam sua administração
ótima ou boa) e agora não quer
parecer má perdedora. Ao reconhecer a derrota, manteve a elegância e desejou boa sorte a Serra.
A possibilidade mais provável é
que Marta viaje para o exterior no
início do próximo ano para fazer
alguns cursos em universidades, a
exemplo do que fez Serra após a
derrota para Lula em 2002.
A partir daí, ela analisaria seu
futuro político com maior clareza.
Nesse meio tempo, segundo acredita a prefeita, Serra já estará colhendo críticas pela dificuldade
natural de administrar uma cidade como São Paulo. Ela poderá
então, se julgar adequado, fazer
comentários sobre o governo,
voltando à política aos poucos.
Sondagem ministerial
A Folha apurou que a sondagem do presidente foi feita por
um interlocutor com trânsito no
comando da campanha de Marta
e no Palácio do Planalto na reta final do segundo turno, quando ficou claro para a própria prefeita
que seria difícil reverter a desvantagem em relação a Serra.
Marta julgou inadequado sair
de uma disputa dura e recente
contra o principal partido de oposição e ir para um posto ministerial. Mais: ela estava ciente de que
a maioria dos principais ministros e auxiliares de Lula era contrária a essa opção.
O presidente, porém, disse a interlocutores que, se Marta desejasse, faria dela ministra. Durante
a campanha, Lula ouviu conselhos para não se colar demais à
prefeita a fim de evitar um desgaste por conta da derrota. Os conselhos eram não nomear Marta ministra, evitar gravar depoimentos
de TV para o segundo turno e não
repetir a atitude do primeiro turno de inaugurar obra pública e
pedir votos para sua candidata simultaneamente.
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