São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2004

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Sondada, Marta prefere quarentena a ministério

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A prefeita Marta Suplicy (PT) recusou uma sondagem feita por emissários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar um ministério no curto prazo. Derrotada pelo ex-ministro da Saúde José Serra (PSDB) anteontem, Marta foi cotada para uma pasta na área social como alternativa em caso de fracasso eleitoral.
A interlocutores, Marta deu sinais de que submergirá por alguns meses depois de conduzir uma transição civilizada com Serra, a quem transmitirá o cargo em 1º de janeiro de 2005.
Após um provável período de submersão de seis meses, ela analisaria o que fazer. A prefeita poderia mirar na eleição estadual de 2006 em SP -um pleito no qual o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), é hoje, o primeiro da fila no partido.
De acordo com auxiliares da prefeita, ela poderia ainda ingressar na administração Lula ou até mesmo disputar novamente um mandato de deputada federal, hipóteses que a agradam menos.
Marta avalia que saiu da campanha deixando uma imagem positiva de sua administração (na pesquisa Datafolha feita nos dias 7 e 8 de outubro, 48% dos paulistanos consideravam sua administração ótima ou boa) e agora não quer parecer má perdedora. Ao reconhecer a derrota, manteve a elegância e desejou boa sorte a Serra.
A possibilidade mais provável é que Marta viaje para o exterior no início do próximo ano para fazer alguns cursos em universidades, a exemplo do que fez Serra após a derrota para Lula em 2002.
A partir daí, ela analisaria seu futuro político com maior clareza. Nesse meio tempo, segundo acredita a prefeita, Serra já estará colhendo críticas pela dificuldade natural de administrar uma cidade como São Paulo. Ela poderá então, se julgar adequado, fazer comentários sobre o governo, voltando à política aos poucos.

Sondagem ministerial
A Folha apurou que a sondagem do presidente foi feita por um interlocutor com trânsito no comando da campanha de Marta e no Palácio do Planalto na reta final do segundo turno, quando ficou claro para a própria prefeita que seria difícil reverter a desvantagem em relação a Serra.
Marta julgou inadequado sair de uma disputa dura e recente contra o principal partido de oposição e ir para um posto ministerial. Mais: ela estava ciente de que a maioria dos principais ministros e auxiliares de Lula era contrária a essa opção.
O presidente, porém, disse a interlocutores que, se Marta desejasse, faria dela ministra. Durante a campanha, Lula ouviu conselhos para não se colar demais à prefeita a fim de evitar um desgaste por conta da derrota. Os conselhos eram não nomear Marta ministra, evitar gravar depoimentos de TV para o segundo turno e não repetir a atitude do primeiro turno de inaugurar obra pública e pedir votos para sua candidata simultaneamente.


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