São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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Aécio e Serra vão gastar juntos R$ 30 bi em 2009

Governadores de Minas e de São Paulo concentram investimentos nos próximos 2 anos

Oposição critica as gestões dos presidenciáveis tucanos que vão privilegiar as obras de muita visibilidade e de alta capilaridade política

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A exemplo do que fez Gilberto Kassab (DEM) na disputa pela prefeitura da capital paulista, os presidenciáveis e governadores tucanos Aécio Neves (Minas Gerais) e José Serra (São Paulo) vão encerrar seus atuais mandatos a reboque do calendário eleitoral, rumo à sucessão do presidente Lula.
Levantamento feito pela Folha com base no planejamento estratégico das duas gestões mostra que, juntos, eles investirão só em 2009 cerca de R$ 30 bilhões, e apostarão em obras de grande potencial de votos e alta capilaridade política, como a recuperação de estradas vicinais no interior e transporte coletivo nas duas capitais.
Nos dois casos, o levantamento revela a elevação dos investimentos conforme se aproxima a eleição presidencial.
Em São Paulo, a série de investimentos do Estado, somados recursos próprios e empréstimos para estatais, largou com R$ 9 bilhões em 2007, encerrará este ano com R$ 12,7 bilhões e tem previstos R$ 18,6 bilhões para 2009 (Orçamento enviado para a Assembléia) e R$ 19,4 bilhões para 2010 (projeção do programa de ajuste fiscal, receitas de concessão e orçamento de estatais).
Ao final, se vingar o planejamento paulista, o acumulado de investimentos da gestão Serra será de R$ 59,5 bilhões -média de R$ 14,9 bilhões/ano a mais do que a de Geraldo Alckmin (2003-2006), até agora o último candidato a presidente pelo PSDB, derrotado por Lula.
Aécio vai transformar em bandeira o projeto batizado de "choque de gestão", que tirou o Orçamento de Minas de um déficit de R$ 2,4 bilhões em 2002 e ampliou para R$ 10,8 bilhões os recursos próprios para investimentos em 2009, conforme a proposta orçamentária. No segundo mandato do mineiro, ele começou 2007 com R$ 7,44 bilhões para investir, neste ano, estimou gastar R$ 9 bilhões e reservou R$ 10,8 bilhões para 2009.

Oposição
A oposição acusa os tucanos de manobra eleitoral. "Eu reconheço o direito do governador José Serra se lançar candidato, mas não o de sujeitar o Orçamento do Estado às suas pretensões eleitorais", afirma o líder do PT na Assembléia paulista, Roberto Felício.
"Os R$ 200 milhões que o governador Aécio gastou na Linha Verde são menos do que investe em publicidade anualmente, somados os gastos da administração direta e das empresas. Foi um governo carente de obras, porque todas as promessas estão previstas para serem executadas no final do mandato", alega o deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB), um dos principais críticos do tucano mineiro.
Os dois governos alegam que o incremento de ações ao final dos mandatos é conseqüência de medidas drásticas de redução de despesas e ampliação de receitas, implantadas no início das atuais gestões. Ambos negam que haja motivação eleitoral e dizem que muitas ações já estão em andamento.
Como exemplo, São Paulo diz que quase dobrou os tipos de medicamentos gratuitos no Dose Certa e que, das 26 novas Fatecs (Faculdades de Tecnologia) pragramadas para 2010, 21 já foram entregues.
No próximo ano, os dois tucanos travarão um embate dentro do PSDB, por isso, a elevação das receitas já em 2009.
Ambos, se quiserem mesmo concorrer ao Planalto, terão, conforme a lei, de deixar seus cargos antes do início de abril de 2010, outro ponto que explicaria a concentração de inaugurações já para 2009.
Minas contabiliza 410 obras em andamento e prevê a licitação até 2010 de outras 200.


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