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outro lado
É atribuição do mandato, dizem congressistas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
Senadores que enviaram pedidos à Petrobras disseram que
o trabalho é parte do objetivo
do mandato dos congressistas.
A empresa, em nota enviada
à Folha, afirmou: "Os pleitos
que envolvem ações de relacionamento da Petrobras com os
seus públicos de interesse chegam à companhia por intermédio de todas as unidades espalhadas pelo país. Por isso, não
há um sistema centralizado
desses encaminhamentos, o
que torna impossível produzir
uma informação como esta [do
total de pedidos de senadores]
que foi solicitada".
José Sarney (PMDB), via assessoria, disse não ter informação sobre a sequência do ofício.
"A exemplo de vários outros senadores, ele é procurado frequentemente por artistas pedindo apoio a seus projetos. O
presidente do Senado não vai
se pronunciar sobre a CPI".
Delcídio Amaral (PT), também pela assessoria, afirmou
que as solicitações que encaminhou à Petrobras "são pleitos
legítimos e institucionais de
qualquer parlamentar. Minhas
intervenções na CPI são baseadas em convicções próprias,
pelo conhecimento que adquiri
da empresa por eu ter, com
muita honra, pertencido ao
corpo diretivo da mesma".
Segundo Valdir Raupp
(PMDB-RO), os pedidos são
coisas corriqueiras. "De maneira nenhuma influenciam nos
trabalhos da CPI. Acho que até
me atenderam com um pedidozinho, depois disso um patrocínio para campeonato de motocross, cerca de R$ 50 mil ou
R$ 100 mil." Sobre a CPI, disse
que até o momento não se tem
nenhuma conclusão para apresentar. "Acho que ela vai ser
prorrogada por mais 60 dias".
Tucano
Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que o pedido para uma
ONG de atendimento a crianças foi feito pela Prefeitura de
Curitiba. "O pedido foi atendido. Quanto ao festival de jazz,
foi negado." Sobre o trabalho
na CPI, sua assessoria encaminhou um discurso feito por ele
no plenário na semana passada:
"A CPI tem sido uma frustração em razão da estratégia que
se adotou para evitar que a
transparência seja, acima de
tudo, um objetivo alcançado".
Marcelo Crivella (PRB) afirmou que, apesar dos pedidos,
nunca recebeu "nenhum patrocínio da Petrobras".
Osmar Dias (PDT) disse que
todos os seus pedidos "foram
para beneficiar a população do
Estado". "Intercedi pela liberação de recursos para a construção do hospital porque a Petrobras é uma das grandes poluidoras do Estado. (...) Não se pode misturar pedidos claros e
transparentes com processos
desonestos e irregulares que
motivaram a CPI."
Talento
Eduardo Suplicy (PT-SP)
disse ser normal que pessoas da
área cultural apresentem a ele
projetos para diversas empresas públicas e privadas. "O fato
de eu pedir pelo projeto não
significa que vá ser aprovado,
pois a empresa examina o mérito da proposta." Ele afirmou
não ver problema em a Petrobras ter feito a listagem. "Todas
as coisas que recomendei são
projetos de talento."
Arthur Virgílio (PSDB) afirmou que o único filme para o
qual lembra ter pedido patrocínio foi "Ônibus 174". "Porque o
diretor, José Padilha, é meu
amigo e conheço o talento dele", disse o tucano.
"O que leva a existir uma CPI
da Petrobras não é o pedido que
eu fiz, mas a coisa sistemática
de ONGs assaltando a empresa
para ter benefícios pessoais e
eleitorais", completou ele.
Também afirmou que a Petrobras não precisa do levantamento dos pedidos porque "o
governo inibe a investigação
pela CPI com a maioria que
possui no Congresso".
Para Magno Malta (PR-ES),
"se for dentro da lei, pedir não
ofende". Ele disse que não sabe
informar se projetos que constam da lista foram aprovados
pela estatal e que não se lembra
das solicitações. Sobre o pedido
de patrocínio comercial para a
rádio Melodia (emissora gospel), disse que é amigo do proprietário da emissora, o ex-deputado Francisco Silva, que foi
secretário da Habitação do governo Anthony Garotinho.
Renan Calheiros, líder do
PMDB, disse não se lembrar do
pedido citado pela estatal. "Não
acho que a lista iniba os congressistas. Só peço para agilizar
se o projeto estiver dentro da
lei."
(RV E EL)
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