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Ex-membros do SNI serão avaliados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O general Alberto Cardoso determinou que seja feito um pente-fino no quadro de funcionários da
Agência Brasileira de Inteligência,
com base na lista de acusados de
tortura incluídos no projeto "Brasil: Nunca Mais". Também vai encaminhar a lista dos 1.740 funcionários da Abin ao Congresso, para que seja feito o controle externo
da agência. Desse total, 13%, 226
funcionários, pertenceram à estrutura do SNI (Serviço Nacional
de Informações), extinto em 90.
A verificação foi determinada
depois da descoberta que o ex-tenente Carlos Alberto del Menezzi,
acusado de participar de sessões
de torturas entre 69 e 70, integrava
os quadros da Abin. "Escapou esse e por isso deu esse constrangimento que resultou na demissão
do De Cunto", afirmou Cardoso.
"Eu sabia que essa pessoa (Del
Menezzi) trabalhava na Abin,
sim, mas que estava na relação do
Tortura Nunca Mais, não. Eu não
tinha conhecimento. Soube só anteontem (quarta-feira)", afirmou
o general. Na lista com 444 nomes
do "Brasil: Nunca Mais", consta o
nome de Del Menezzi.
Segundo o general, existe a
orientação de governo para que a
Abin não mantenha em seus quadros ninguém ligado à prática de
tortura. Para isso, ela deve verificar o passado dos servidores, especialmente dos 226 que vieram
da estrutura do SNI.
Também devem ser feitas checagens com base em listas posteriores que serão repassadas pelo
deputado Nilmário Miranda (PT-MG), da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara. O deputado encaminhará a listagem ao general nos próximos dias.
Atendendo a pedido da Comissão Externa de Fiscalização e
Controle da Abin, o general vai
encaminhar na próxima semana
ao Congresso a lista com todos os
nomes dos funcionários da agência. Apesar de afirmar que, por
questões de segurança de Estado,
os nomes de agentes de inteligência devem ser mantidos sob sigilo,
o general concorda com o pedido.
"Ela não é uma comissão de
controle externo? Nós não podemos abrir os segredos de Estado
para o público, mas se pressupõe
que essas pessoas tenham o compromisso de manterem esse segredo de Estado e eu tenho convicção de que vão manter", disse
Cardoso.
A comissão externa é prevista
em lei e é formada por seis parlamentares. Ela é presidida pelo senador José Sarney (PMDB-AP) e
tem como relator o deputado Luiz
Carlos Hauly (PSDB-PR). Integram ainda a comissão o líder da
maioria na Câmara, deputado
Aécio Neves (PSDB-MG), e no Senado, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF).
Para contrapor, participam ainda da comissão externa os líderes
do bloco de oposição na Câmara,
deputado Aloizio Mercadante
(PT-SP), e no Senado, senadora
Heloísa Helena (PT-AL).
(WILLIAM FRANÇA)
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