São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2000

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Ex-membros do SNI serão avaliados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O general Alberto Cardoso determinou que seja feito um pente-fino no quadro de funcionários da Agência Brasileira de Inteligência, com base na lista de acusados de tortura incluídos no projeto "Brasil: Nunca Mais". Também vai encaminhar a lista dos 1.740 funcionários da Abin ao Congresso, para que seja feito o controle externo da agência. Desse total, 13%, 226 funcionários, pertenceram à estrutura do SNI (Serviço Nacional de Informações), extinto em 90.
A verificação foi determinada depois da descoberta que o ex-tenente Carlos Alberto del Menezzi, acusado de participar de sessões de torturas entre 69 e 70, integrava os quadros da Abin. "Escapou esse e por isso deu esse constrangimento que resultou na demissão do De Cunto", afirmou Cardoso.
"Eu sabia que essa pessoa (Del Menezzi) trabalhava na Abin, sim, mas que estava na relação do Tortura Nunca Mais, não. Eu não tinha conhecimento. Soube só anteontem (quarta-feira)", afirmou o general. Na lista com 444 nomes do "Brasil: Nunca Mais", consta o nome de Del Menezzi.
Segundo o general, existe a orientação de governo para que a Abin não mantenha em seus quadros ninguém ligado à prática de tortura. Para isso, ela deve verificar o passado dos servidores, especialmente dos 226 que vieram da estrutura do SNI.
Também devem ser feitas checagens com base em listas posteriores que serão repassadas pelo deputado Nilmário Miranda (PT-MG), da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. O deputado encaminhará a listagem ao general nos próximos dias.
Atendendo a pedido da Comissão Externa de Fiscalização e Controle da Abin, o general vai encaminhar na próxima semana ao Congresso a lista com todos os nomes dos funcionários da agência. Apesar de afirmar que, por questões de segurança de Estado, os nomes de agentes de inteligência devem ser mantidos sob sigilo, o general concorda com o pedido.
"Ela não é uma comissão de controle externo? Nós não podemos abrir os segredos de Estado para o público, mas se pressupõe que essas pessoas tenham o compromisso de manterem esse segredo de Estado e eu tenho convicção de que vão manter", disse Cardoso.
A comissão externa é prevista em lei e é formada por seis parlamentares. Ela é presidida pelo senador José Sarney (PMDB-AP) e tem como relator o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Integram ainda a comissão o líder da maioria na Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), e no Senado, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF).
Para contrapor, participam ainda da comissão externa os líderes do bloco de oposição na Câmara, deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), e no Senado, senadora Heloísa Helena (PT-AL).
(WILLIAM FRANÇA)


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