São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2000

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DEPOIMENTO
Mulher quer saber se consta dos arquivos
Evelson de Freitas/Folha Imagem
A auditora do Ministério do Trabalho Fernanda Giannasi


Auditora diz que foi investigada por Abin

LUCAS FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Por que os arapongas investigariam uma auditora do Ministério do Trabalho que defende a proibição do uso industrial do amianto por causa dos efeitos do produto na saúde dos trabalhadores? Essa é a pergunta que Fernanda Giannasi, 42, funcionária do Ministério do Trabalho, fará oficialmente à Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Fernanda diz que foi procurada por duas agentes da Abin em outubro de 99. Sônia Gathas e Bárbara Arcieri teriam feito perguntas sobre os motivos pelos quais a auditora se dedica tanto ao combate ao uso industrial do amianto, apresentando-se como
"Elas se apresentaram como funcionárias do Ministério da Fazenda envolvidas numa pesquisa sobre amianto", diz Fernanda.
A auditora afirma ter estranhado o tom das perguntas e ter perguntado às entrevistadores se elas trabalhavam mesmo no Ministério da Fazenda.
"Elas então disseram que trabalham na Presidência da República, mais especificamente na Abin. Também disseram que estavam buscando informações para municiar o presidente da República na questão do uso do amianto."
Fernanda pesquisa os males do amianto na saúde dos trabalhadores desde 85. Já fez palestras no exterior, participou de discussões sobre o tema na Câmara dos Deputados e recebeu prêmios pelo seu trabalho.
A auditora agora quer saber o que consta sobre ela nos arquivos da Abin. "Farei um pedido formal", disse.
A Folha ligou para Sônia e Bárbara no telefone que elas deram à auditora. A pessoa que atendeu disse que não poderia dizer de onde era, mas confirmou que as duas trabalham no local. Segundo a mesma pessoa, que não quis se identificar, as duas já teriam terminado o expediente.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Abin, mas até a conclusão desta edição não havia recebido uma posição sobre o caso.
O Gabinete de Segurança Institucional, superior hierárquico da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), confirma que as duas servidoras -Sônia Gathas e Barbara Arcieri- são analistas de inteligência e funcionárias de carreira lotadas no escritório da agência em São Paulo.
De acordo com o gabinete, elas realizam um levantamento sobre a polêmica em torno da eliminação ou não do amianto no Brasil e procuraram Fernanda Giannasi por ser ela uma especialista no assunto.
Fernanda foi procurada pelas duas analistas que, segundo a agência, se identificaram e explicaram qual trabalho seria feito.
Ela teria concordado em repassar informações para a Abin.
O Gabinete de Segurança Institucional disse que tudo foi realizado de forma "clara e transparente" sem outro intuito que não o de realizar "um estudo sério a respeito do tema", uma vez que essa é uma das funções da Abin.


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