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DEPOIMENTO
Mulher quer saber se consta dos arquivos
Evelson de Freitas/Folha Imagem
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A auditora do Ministério do Trabalho Fernanda Giannasi |
Auditora diz que foi investigada por Abin
LUCAS FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL
Por que os arapongas investigariam uma auditora do Ministério
do Trabalho que defende a proibição do uso industrial do amianto
por causa dos efeitos do produto
na saúde dos trabalhadores? Essa
é a pergunta que Fernanda Giannasi, 42, funcionária do Ministério do Trabalho, fará oficialmente
à Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Fernanda diz que foi procurada
por duas agentes da Abin em outubro de 99. Sônia Gathas e Bárbara Arcieri teriam feito perguntas sobre os motivos pelos quais a
auditora se dedica tanto ao combate ao uso industrial do amianto,
apresentando-se como
"Elas se apresentaram como
funcionárias do Ministério da Fazenda envolvidas numa pesquisa
sobre amianto", diz Fernanda.
A auditora afirma ter estranhado o tom das perguntas e ter perguntado às entrevistadores se elas
trabalhavam mesmo no Ministério da Fazenda.
"Elas então disseram que trabalham na Presidência da República, mais especificamente na Abin.
Também disseram que estavam
buscando informações para municiar o presidente da República
na questão do uso do amianto."
Fernanda pesquisa os males do
amianto na saúde dos trabalhadores desde 85. Já fez palestras no
exterior, participou de discussões
sobre o tema na Câmara dos Deputados e recebeu prêmios pelo
seu trabalho.
A auditora agora quer saber o
que consta sobre ela nos arquivos
da Abin. "Farei um pedido formal", disse.
A Folha ligou para Sônia e Bárbara no telefone que elas deram à
auditora. A pessoa que atendeu
disse que não poderia dizer de onde era, mas confirmou que as
duas trabalham no local. Segundo
a mesma pessoa, que não quis se
identificar, as duas já teriam terminado o expediente.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa
da Abin, mas até a conclusão desta edição não havia recebido uma
posição sobre o caso.
O Gabinete de Segurança Institucional, superior hierárquico da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência), confirma que as duas servidoras -Sônia Gathas e Barbara
Arcieri- são analistas de inteligência e funcionárias de carreira
lotadas no escritório da agência
em São Paulo.
De acordo com o gabinete, elas
realizam um levantamento sobre
a polêmica em torno da eliminação ou não do amianto no Brasil e
procuraram Fernanda Giannasi
por ser ela uma especialista no assunto.
Fernanda foi procurada pelas
duas analistas que, segundo a
agência, se identificaram e explicaram qual trabalho seria feito.
Ela teria concordado em repassar informações para a Abin.
O Gabinete de Segurança Institucional disse que tudo foi realizado de forma "clara e transparente" sem outro intuito que não o de
realizar "um estudo sério a respeito do tema", uma vez que essa é
uma das funções da Abin.
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