São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2004

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JANIO DE FREITAS

Ter ou não

De Lula ao menos graduado dos petistas envolvidos com o governo, seja na administração, no Congresso ou no PT, todas as decisões, palavras e inversões se fazem como se, na liberalidade usual da prática política, não houvesse envolvimento dos valores individuais.
Embora pareçam supô-lo, Lula, Dirceu, Mercadante, Dulci, e daí para todos os lados do petismo governista, não escapam da inevitabilidade de que fazer política e fazer governo são, antes de tudo, questões de caráter pessoal.
(Antonio Palocci está dispensado de confrontação com essa regra, desde que assinou em cartório o compromisso de, se eleito, não deixar a Prefeitura de Ribeirão Preto no decurso do mandato, e deixou-o. Não há por que propor-lhe questões a que já deu sua resposta inequívoca e definitiva.)
O caráter pessoal é um elemento que não pode ser dispensado quando se indaga o que conduz, por exemplo, à confraternização da cúpula governo/ PT com o malufismo, ao uso de dinheiro público para compra de votos parlamentares, à redução de compromissos a enganações proveitosas, e outros continuismos ou criações atuais.

Associação
O Banco Central, diz o seu presidente Henrique Meirelles, elabora nova lei para liquidação de empresas do sistema financeiro. As liquidações, porém, não constituem a primeira obrigação do BC em relação a dificuldades graves em tais empresas. Liquidações só se fazem necessárias porque o BC não dá eficácia ao seu aparatoso e custoso setor de fiscalização, com a estatura de diretoria, destinado a acompanhar o sistema financeiro e impor-lhe corretivos que dispensem liquidações.
Os detentores de contas e aplicações no Banco Santos, impedidos de retirar o que é seu, não receberam, nem eles, a explicação que o Banco Central deve ao país todo: como e por que o BC continua ainda, depois das tantas intervenções e liquidações no governo Fernando Henrique, a recorrer a essas soluções falsas, como no Banco Santos?
A inutilidade da Diretoria de Fiscalização, ou do próprio Banco Central em relação à segurança dos clientes do sistema financeiro, está comprometida com esta regra há muito tempo sem exceção: os clientes de empresas sob intervenção ou liquidação se estrepam, mas os donos continuam deliciosamente enfortunados.


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