FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Empreiteiras, fornecedoras de serviços à Prefeitura de São Paulo, empresas de construção e do setor imobiliário concentraram as maiores doações da campanha da prefeita Marta Suplicy (PT) nas eleições de 2004. Os principais financiadores da campanha do candidato José Serra (PSDB) foram bancos e instituições financeiras, seguidos por empreiteiras.
De uma lista de 69 apoiadores de Marta, fornecida pelo comitê do PT, pelo menos 25 são empresas prestadoras de serviços da prefeitura e respondem por doações no total de R$ 4 milhões.
O candidato José Serra arrecadou R$ 3,7 milhões de bancos e instituições financeiras e R$ 1,9 milhão de empreiteiras e empresas de construção.
Grandes construtoras que têm contratos com a atual administração colocaram recursos nas duas candidaturas. A Camargo Corrêa, por exemplo, maior doadora de recursos ao comitê tucano (R$ 1,016 milhão), foi menos generosa com a petista (R$ 310 mil). A OAS/Coesa doou R$ 700 mil aos tucanos e R$ 500 mil aos petistas. A Camargo Corrêa tem contratos com a prefeitura de pelo menos R$ 33,5 milhões liquidados até o mês passado, enquanto a OAS tem contratos de R$ 22,3 milhões.
Das empresas de lixo, a Qualix Serviços Ambientais (varrição), com contratos de R$ 2,9 milhões, contribuiu com R$ 100 mil.
Eis outras empresas contribuintes da campanha de Marta que mantêm negócios com a prefeitura (entre parênteses, os valores dos contratos): Construbase (R$ 1,8 milhão), Diagonal (R$ 13,1 milhões), Blokos Engenharia (R$ 18 milhões), Delta Construções (R$ 11,3 milhões). A Carioca Christiani Nielsen, que ao lado da OAS é uma das construtoras de CEUs (Centro Educacional Unificado), contribuiu com R$ 500 mil.
A maior doadora de Marta é uma empresa do setor financeiro, a Sodepa, holding do grupo Safra. A Sodepa doou R$ 700 mil à candidata do PT, menos do que destinou ao tucano (R$ 900 mil).
No total, a campanha de Marta arrecadou R$ 16,5 milhões, volume superior aos R$ 14,8 milhões levantados pelos tucanos. As despesas da campanha do PT, no total de R$ 17,4 milhões, superaram as receitas (dívida de cerca de R$ 900 mil). A campanha de Serra registrou sobra de caixa (R$ 178,01).
Grandes grupos industriais, como Pirelli, Gerdau, Ripasa e Suzano, fizeram doações iguais aos dois candidatos. O grupo Votorantim destinou R$ 776,9 mil ao comitê de Serra e R$ 600 mil à campanha de Marta. A Casa Fasano Eventos, onde o comitê petista fez jantar para arrecadar contribuições, doou R$ 60,9 para Marta.