São Paulo, sexta-feira, 02 de dezembro de 2005

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Ex-deputado terá resistência no PT, afirmam petistas

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-deputado José Dirceu (SP) enfrentará muita resistência se estiver mesmo disposto a reconquistar seu espaço no PT. Integrantes da Executiva se queixaram ontem da veemência com que o presidente do PT, Ricardo Berzoini, defendeu Dirceu e rechaçaram a idéia de que o ex-ministro volte à direção do partido. Proposta pelo secretário-adjunto de Organização, Francisco Campos, a reincorporação de Dirceu ao núcleo de decisões foi descartada pelas correntes à esquerda.
Secretária de Formação Política, Marlene da Rocha, da Articulação de Esquerda, foi enfática ao afirmar que a hipótese não estará na pauta da reunião de hoje, da Executiva. "Temos um programa de governo para discutir no ano que vem, temos um encontro nacional, temos que recuperar nossa capacidade de fazer política. Não temos que ficar perdendo tempo com o Zé Dirceu", afirmou.
Lamentando a "ênfase" com que Berzoini defende Dirceu, Marlene diz que "um dos aspectos da punição dele na Câmara foi exatamente o prejuízo que causou no comando do partido, derrotado pela militância do PT agora".
Embora afirme que Dirceu foi alvo de uma "demonização", o secretário-geral do PT, Raul Pont, da Democracia Socialista, também descarta a possibilidade de retorno ao comando partidário. "Os erros cometidos por aquela direção são imensos. Vou fazer de tudo para que essas pessoas não voltem ao comando, porque são responsáveis também pela crise em que vivemos."
Contando ter chorado ao assistir à votação no Congresso, Campos afirmou que Dirceu "é um quadro que não pode ser desperdiçado". "Minha proposta é que ele se recolha, escreva o livro e volte", afirmou.
O coordenador do Campo Majoritário, Francisco Rocha, afirmou que Dirceu "terá, com certeza, espaço assegurado [no núcleo de decisões do PT]".
Danilo Camargo, também do Diretório Nacional, propõe não só que Dirceu assuma uma função na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição como volte a ocupar um ministério numa eventual vitória petista no ano que vem.
Segundo o secretário de Organização do PT, Romênio Pereira, Dirceu poderia ocupar uma cadeira do diretório. Mas rejeitou a hipótese de ele voltar ao comando na atual direção. "Não devemos abrir mão da militância histórica de Dirceu. Na volta dos EUA, ele atuará na construção do partido nos Estados, o que não significa estar na direção."
Amigo de Dirceu, o deputado estadual Fausto Figueira aposta num momento de reclusão. Ele duvida, porém, que Dirceu se afaste da vida partidária. "Como militante e como liderança, ele participará do projeto político da reeleição do Lula. Nada vai fazer o Zé calar." Hoje mesmo, ele participará de ato em defesa de João Paulo Cunha.


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