|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-deputado terá resistência no PT, afirmam petistas
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-deputado José Dirceu
(SP) enfrentará muita resistência se estiver mesmo disposto a
reconquistar seu espaço no PT.
Integrantes da Executiva se
queixaram ontem da veemência com que o presidente do
PT, Ricardo Berzoini, defendeu
Dirceu e rechaçaram a idéia de
que o ex-ministro volte à direção do partido. Proposta pelo
secretário-adjunto de Organização, Francisco Campos, a
reincorporação de Dirceu ao
núcleo de decisões foi descartada pelas correntes à esquerda.
Secretária de Formação Política, Marlene da Rocha, da Articulação de Esquerda, foi enfática ao afirmar que a hipótese
não estará na pauta da reunião
de hoje, da Executiva. "Temos
um programa de governo para
discutir no ano que vem, temos
um encontro nacional, temos
que recuperar nossa capacidade de fazer política. Não temos
que ficar perdendo tempo com
o Zé Dirceu", afirmou.
Lamentando a "ênfase" com
que Berzoini defende Dirceu,
Marlene diz que "um dos aspectos da punição dele na Câmara foi exatamente o prejuízo
que causou no comando do
partido, derrotado pela militância do PT agora".
Embora afirme que Dirceu
foi alvo de uma "demonização", o secretário-geral do PT,
Raul Pont, da Democracia Socialista, também descarta a
possibilidade de retorno ao comando partidário. "Os erros
cometidos por aquela direção
são imensos. Vou fazer de tudo
para que essas pessoas não voltem ao comando, porque são
responsáveis também pela crise em que vivemos."
Contando ter chorado ao assistir à votação no Congresso,
Campos afirmou que Dirceu "é
um quadro que não pode ser
desperdiçado". "Minha proposta é que ele se recolha, escreva o livro e volte", afirmou.
O coordenador do Campo
Majoritário, Francisco Rocha,
afirmou que Dirceu "terá, com
certeza, espaço assegurado [no
núcleo de decisões do PT]".
Danilo Camargo, também do
Diretório Nacional, propõe
não só que Dirceu assuma uma
função na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
à reeleição como volte a ocupar
um ministério numa eventual
vitória petista no ano que vem.
Segundo o secretário de Organização do PT, Romênio Pereira, Dirceu poderia ocupar
uma cadeira do diretório. Mas
rejeitou a hipótese de ele voltar
ao comando na atual direção.
"Não devemos abrir mão da
militância histórica de Dirceu.
Na volta dos EUA, ele atuará na
construção do partido nos Estados, o que não significa estar
na direção."
Amigo de Dirceu, o deputado
estadual Fausto Figueira aposta
num momento de reclusão. Ele
duvida, porém, que Dirceu se
afaste da vida partidária. "Como militante e como liderança,
ele participará do projeto político da reeleição do Lula. Nada
vai fazer o Zé calar." Hoje mesmo, ele participará de ato em
defesa de João Paulo Cunha.
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Depois da queda: Após cassação, Lula defende ex-ministro Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/O presidente: TSE multa Lula por propaganda antecipada Índice
|