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Lula deve ser "impichado", diz Jefferson
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Um "doente terminal" que o
governo Lula desejava ver morto o mais rapidamente possível. Assim era, na opinião do
ex-deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ), o agora ex-deputado
José Dirceu (PT-SP), em seus
últimos dias no Congresso.
Jefferson, antes cuidadoso ao
falar do presidente, disse ontem à Folha ser a favor do impeachment e da dissolução do
Congresso Nacional.
"O "seu" Lula tinha de ser impichado, e ter eleições gerais
agora em janeiro. Aí o que faz o
Congresso: uma jogada para a
opinião pública, um jogo para
a galera. E o próprio governo
corroborou, pois o Zé Dirceu
era doente terminal."
Para ele, não houve por parte
de Lula um esforço sério para
impedir a cassação. "Não vi
ação do governo no plenário
em favor dele. O pessoal queria
se livrar do doente. "Não, ele é
nosso", mas na hora de rezar,
pedia a Deus para levar. "Leva
pelo amor de Deus." O cara
ajoelhava quietinho, sem testemunha, pedia a Deus para levar, não para sarar o doente."
Jefferson, o primeiro cassado
após o estouro do escândalo do
"mensalão", disse que não festejou a cassação do adversário.
Jefferson é um dos principais
personagens da crise que atinge o país desde o primeiro semestre. A Folha publicou em 6
de junho a entrevista em que
ele dizia que o governo pagava
um "mensalão" a deputados.
Acabou cassado.
"Não comemoro porque passei pelo sofrimento. Não gostei
para mim, e não comemoro
para os outros. Não fiquei feliz
com a cassação, mas achei justa. Achei que era um reclamo
da opinião pública nacional,
mas não fiquei feliz."
Como "doente terminal",
Dirceu custava "caro" ao governo, disse o ex-deputado,
que, após a cassação, voltou a
morar no Rio de Janeiro. Para
ele, a cassação não foi surpresa:
"Sabia que a Câmara ia cassar o
Zé Dirceu. Além das evidências
que há contra ele, a Câmara
não se coloca nunca contra a
opinião pública". Jefferson
afirmou que os golpes de bengala desferidos contra Dirceu
na terça-feira podem ter servido de termômetro na votação.
"Aquela bengalada tirou
muito voto dele. Anteontem, [a
Câmara] estava meio dividida.
Depois da bengalada... Aquilo
expressou muito o sentimento
do povo, e a Câmara caminhou
nesse sentido", concluiu.
Sobre a defesa do impeachment e a proposta de dissolução do Congresso, ele afirmou
ser o que considera o mais correto que poderia acontecer. Isso porque, disse, tanto Lula
quanto todos os deputados e
senadores sabiam do uso de
caixa dois nas eleições.
"Não há ninguém que possa
dizer que não se elegeu com
caixa dois. Tanto que todos os
presidentes de partido caíram.
Eu, [José] Genoino [PT], Valdemar Costa Neto [PL], Eduardo Azeredo [PSDB]. Caiu todo
mundo. Por quê? Porque todo
mundo está no caixa dois."
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