São Paulo, sexta-feira, 02 de dezembro de 2005

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Lula deve ser "impichado", diz Jefferson

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Um "doente terminal" que o governo Lula desejava ver morto o mais rapidamente possível. Assim era, na opinião do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), o agora ex-deputado José Dirceu (PT-SP), em seus últimos dias no Congresso.
Jefferson, antes cuidadoso ao falar do presidente, disse ontem à Folha ser a favor do impeachment e da dissolução do Congresso Nacional.
"O "seu" Lula tinha de ser impichado, e ter eleições gerais agora em janeiro. Aí o que faz o Congresso: uma jogada para a opinião pública, um jogo para a galera. E o próprio governo corroborou, pois o Zé Dirceu era doente terminal."
Para ele, não houve por parte de Lula um esforço sério para impedir a cassação. "Não vi ação do governo no plenário em favor dele. O pessoal queria se livrar do doente. "Não, ele é nosso", mas na hora de rezar, pedia a Deus para levar. "Leva pelo amor de Deus." O cara ajoelhava quietinho, sem testemunha, pedia a Deus para levar, não para sarar o doente."
Jefferson, o primeiro cassado após o estouro do escândalo do "mensalão", disse que não festejou a cassação do adversário.
Jefferson é um dos principais personagens da crise que atinge o país desde o primeiro semestre. A Folha publicou em 6 de junho a entrevista em que ele dizia que o governo pagava um "mensalão" a deputados. Acabou cassado.
"Não comemoro porque passei pelo sofrimento. Não gostei para mim, e não comemoro para os outros. Não fiquei feliz com a cassação, mas achei justa. Achei que era um reclamo da opinião pública nacional, mas não fiquei feliz."
Como "doente terminal", Dirceu custava "caro" ao governo, disse o ex-deputado, que, após a cassação, voltou a morar no Rio de Janeiro. Para ele, a cassação não foi surpresa: "Sabia que a Câmara ia cassar o Zé Dirceu. Além das evidências que há contra ele, a Câmara não se coloca nunca contra a opinião pública". Jefferson afirmou que os golpes de bengala desferidos contra Dirceu na terça-feira podem ter servido de termômetro na votação.
"Aquela bengalada tirou muito voto dele. Anteontem, [a Câmara] estava meio dividida. Depois da bengalada... Aquilo expressou muito o sentimento do povo, e a Câmara caminhou nesse sentido", concluiu.
Sobre a defesa do impeachment e a proposta de dissolução do Congresso, ele afirmou ser o que considera o mais correto que poderia acontecer. Isso porque, disse, tanto Lula quanto todos os deputados e senadores sabiam do uso de caixa dois nas eleições.
"Não há ninguém que possa dizer que não se elegeu com caixa dois. Tanto que todos os presidentes de partido caíram. Eu, [José] Genoino [PT], Valdemar Costa Neto [PL], Eduardo Azeredo [PSDB]. Caiu todo mundo. Por quê? Porque todo mundo está no caixa dois."


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