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NEPOTISMO
Servidores pedem extensão de proibição da contratação de parentes para cargos sem concurso, aprovada para o Judiciário
Tribunal de contas pode aplicar decisão do CNJ
EDUARDO DE OLIVEIRA
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Servidores dos tribunais de contas dos Estados querem o fim do
nepotismo nesses órgãos, nos
moldes da resolução do CNJ
(Conselho Nacional de Justiça)
que proibiu a contratação de parentes de juízes para cargos sem
concurso no Judiciário.
A Fenastc (Federação Nacional
das Entidades dos Servidores dos
Tribunais de Contas do Brasil) vai
consultar o CNJ para verificar se a
resolução antinepotismo pode ser
aplicada. Os tribunais de contas
são órgãos auxiliares do Poder Legislativo, responsáveis pela fiscalização das contas da União, Estados e municípios.
A interpretação do presidente
da Fenastc, Amílson de Araújo, da
Constituição é que ao equiparar
os conselheiros do TCU (Tribunal
de Contas da União) aos ministros do STJ (Superior Tribunal de
Justiça) e estender as normas a Estados e municípios, a Carta abre
caminho para que a resolução do
CNJ seja empregada nos TCEs.
Araújo afirmou que é "temerário" afirmar que haja nepotismo
em todos os TCEs, mas disse ser
"difícil" encontrar um tribunal
em que isso não ocorra.
Dois presidentes de sindicatos
de servidores, que pediram para
não serem identificados, confirmaram a prática em seus Estados.
O presidente do Sindicato dos
Servidores do Tribunal de Contas
de Pernambuco, José Ermival de
Siqueira, não pediu anonimato e
disse que o nepotismo é "acintoso
e gritante" no órgão. A Folha tentou falar ontem com o presidente
do TCE-PE, Carlos Porto de Barros, mas não o encontrou.
A presidente do sindicato dos
funcionários do Tribunal de Contas de Minas Gerais, Stella Pimenta, afirmou que a resolução do
CNJ deve ser estendida a todos os
órgãos da administração pública.
O último congresso da Fenastc,
realizado mês passado em Porto
Alegre (RS), decidiu que cada sindicato fará um diagnóstico do
"funcionamento, estrutura e trabalho" dos tribunais de contas,
que incluirá a identificação dos
casos de nepotismo.
Segundo Araújo, a idéia é concluir o levantamento "o mais rapidamente possível". Ele disse,
porém, acreditar que alguns sindicatos terão dificuldades para
obter os dados. "Ainda existem
tribunais de contas que são totalmente controlados pelo poder
político local." Ele afirma que os
dados sobre o nepotismo nos tribunais de contas servirão como
"munição" da federação para
"mostrar que o tema merece ser
examinado".
Na carta que saiu do congresso e
teve como tema "A Corrupção no
Brasil e a Degeneração Social", os
sindicalistas afirmam que o nepotismo e a "grande utilização de
cargos em comissão fora da função de direção, chefia e assessoramento" na administração pública
brasileira são "fatos que propiciam a corrupção".
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