São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2008

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outro lado

Fundações agilizam uso de recursos públicos, diz reitor

Associação de dirigentes defende fundações; Finatec diz que não se manifestará

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A agilidade na administração de recursos públicos e a necessidade de empenhar todo o orçamento no ano em que a verba foi recebida são os principais argumentos dos reitores de universidades federais favoráveis às fundações de apoio.
Arquimedes Ciloni, presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), dá o exemplo de um hospital universitário para comentar a questão.
"Não temos autonomia para abrir vagas [elas têm que ser autorizadas pelo Ministério do Planejamento]. Então, quando um médico ou enfermeiro morre, deixa o hospital ou se aposenta, temos que contratar por fundação em regime CLT", diz Ciloni.
Cesar Frederico dos Santos von Dollinger, presidente da Fundação Euclides da Cunha (ligada à Universidade Federal Fluminense), concorda e acrescenta outra explicação.
"A universidade é uma entidade pública e está sujeita, por exemplo, a greve de servidores, o que às vezes inviabiliza uma pesquisa. Na fundação, há uma agilidade que, infelizmente, o serviço público no Brasil não tem", afirma.

Irregularidades
Apenas Dollinger respondeu à reportagem sobre as acusações de irregularidades praticadas pelas fundações ligadas a universidades.
Ele disse que não poderia se manifestar sobre a acusação feita pelo professor Nicholas Davies de que, em 2000 e 2001, professores usaram verbas da entidade para compras como lingerie e uísque, já que não estava à frente da fundação nesta época.
Ele afirmou, porém, que, a maior parte dos recursos da fundação vem de clientes do setor privado e que, quando se trata de verbas públicas, o rigor com a prestação de contas é redobrado.
"Há uma regra para os gastos que torna praticamente inviável qualquer desvio."
A Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos), por meio de sua assessoria, afirmou que não vai dar nenhuma declaração à imprensa até que o interventor que assumiu a gestão da fundação transmita todas as informações solicitadas pela Justiça e pela promotoria.
A entidade é alvo de investigação do Ministério Público do Distrito Federal.
A Folha procurou a Faurgs às 13h30 de sexta-feira, mas uma funcionária informou que, àquela hora, o expediente já estava encerrado e não haveria ninguém para atender a reportagem.
A direção da Fundae, ligada à Universidade Federal de Santa Maria, disse por meio de nota que sempre agiu com boa-fé nas relações mantidas com outras instituições ou empresas apontadas como praticantes de ilicitudes.
Segundo o texto, a relação da Fundae com o Detran-RS, Fatec e empresas terceirizadas "foi contratual, dentro dos parâmetros legais."
O reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Clovis Lima, informou que aguardará apuração dos fatos pela Polícia Federal para se manifestar quanto ao eventual envolvimento da Fatec no esquema de corrupção.


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