|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comissão diverge sobre como investigar o caso
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em documentos enviados à
CPI das ONGs no ano passado,
o Ministério Público e a Andes
(Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) denunciaram
uma série de irregularidades
cometidas pelas fundações universitárias, mas os integrantes
da comissão ainda divergem
sobre o rumo das investigações.
O presidente da comissão,
senador Raimundo Colombo
(DEM-SC), defende a apuração
de todas as fundações, sobretudo da Finatec, ligada à UnB.
Contudo, o relator Inácio Arruda (PC do B-CE) resiste à idéia.
Responsável pelo caso Finatec, o promotor de Justiça do
Ministério Público do Distrito
Federal, Gladaniel Palmeira de
Carvalho, ressaltou, em ofício
ao presidente da CPI, que as
fundações são utilizadas para
burlar a lei de licitações.
"Essas entidades funcionam
dentro de espaço público,
atuam como executoras em
contratos nos quais as universidades figuram contratadas,
além de celebrarem contratos
com órgãos públicos beneficiando-se, de forma indevida,
da dispensa do artigo 24, da lei
8666/93 [lei das licitações]."
A Andes critica o funcionamento das fundações. "É uma
aberração o que acontece: uma
entidade privada usando recursos públicos para prestar serviços diversos. E as pesquisas?",
disse Paulo Rizzo, presidente
da Andes.
Filiada à Andes, a Adusp (Associação dos Docentes da USP)
enviou documentos à CPI sobre irregularidades cometidas
em fundações ligadas a universidades estaduais, mas ainda
não obteve resposta.
Inácio Arruda prefere não investigar. Na última reunião da
CPI, ele foi enfático: "Fundação
universitária não é ONG. Tem
legislação própria. Temos de
proteger as pesquisas".
Em seguida, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) contestou
Arruda, citando a reunião da
CPI do dia 10 de outubro, em
que o relator afirmou que
ONGs e fundações funcionam
da mesma forma.
Segundo a ata do encontro,
Arruda disse: "Eu acho que esse
conjunto aqui tem muita responsabilidade com o mundo
das organizações não-governamentais e das OSCIPS, e de
muitas fundações que também
são ONGs".
Na semana passada, os governistas conseguiram evitar a
votação de requerimentos de
quebra de sigilo de bancário.
Foram marcados para esta
quarta-feira os depoimentos do
reitor da UnB, Timothy Mulholland, e do presidente da Finatec, Antônio Manoel Dias
Henriques. Mas a equipe técnica da CPI acha que não haverá
muitos resultados, pois não
houve quebra de sigilo da fundação. Na quinta-feira, está
previsto o depoimento de Jorge
Lorenzetti, ex-dirigente da
ONG Unitrabalho e integrante
do mesmo grupo político da senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
Texto Anterior: Outro lado: Fundações agilizam uso de recursos públicos, diz reitor Próximo Texto: PT e oposição vão direcionar CPI para apurar "contas B" Índice
|