Elas antecederam os cartões e permitem saques

ANDREZA MATAIS
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a avaliação de que as denúncias sobre o uso dos cartões já estão praticamente saturadas e que dificilmente haverá acesso aos gastos sigilosos da Presidência, PT e partidos da oposição apostam em direcionar para as primeiras sessões da CPI dos Cartões as chamadas "contas tipo B".
Essas contas antecederam o uso dos cartões. Por elas, são feitos saques para atender a servidores que apresentam nota fiscal. Até o meio do ano, elas devem ser totalmente substituídas pelos cartões. Segundo levantamento divulgado pelo PT com base em dados da CGU, as despesas entre 2001 e 2007 com os cartões representaram 14% do total de gastos com os suprimentos de fundos -tipo de pagamentos de pequenas despesas eventuais- enquanto com as "contas tipo B" representam 86%.
"É a primeira CPI em que os dados estão exclusivamente de posse do governo", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB). Técnicos do DEM já trabalham para detalhar gastos do governo nessas contas. Petistas apostam nelas porque os maiores saques foram na gestão FHC. Os democratas pedem prioridade na investigação de "gastos exóticos". "São emblemáticos", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino.
A CPI deve começar a funcionar nesta semana. Governo e oposição escolheram a dedo os integrantes. Entre eles estarão os líderes do PMDB e DEM no Senado, além de senadores e deputados com experiência em outras investigações.
O presidente do Congresso, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), deu prazo até amanhã para que partidos indiquem representantes, caso contrário ele mesmo o fará. Até lá, o impasse gerado pela insatisfação do PT depois do PMDB ceder a presidência para o PSDB deve estar resolvido.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), admitiu que os nomes do partido foram escolhidos estrategicamente. "Colocamos só guerrilheiro lá, vamos fazer a CPI funcionar."
O PSDB terá os senadores Marisa Serrano (MS), que irá presidir a CPI, e Marconi Perillo (GO) como titulares e Álvaro Dias (PR) e Flexa Ribeiro (PA) como suplentes. A líder do bloco governista no Senado, Ideli Salvatti (SC), optou por indicar senadores que não se importam em se expor para defender o presidente Lula. Fátima Cleide (RO) e Serys Slhessarenko (MT) serão titulares.