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REFÉM DA BASE
Deputados vão checar promessas de ministro, considerado "bonzinho"
Falta autonomia a Aldo para negociar cargos, dizem aliados
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva participará mais ativamente
da articulação política para compensar a saída do ministro José
Dirceu (Casa Civil) da área. Razão: dirigentes do PT e de partidos aliados duvidam da eficácia
da centralização da articulação
política no ministro Aldo Rebelo.
Nos bastidores, já começou a
choradeira de líderes e presidentes de partidos aliados que dizem
ter feito acertos políticos com Dirceu que precisam ser honrados.
Presidente do PL, o deputado federal Valdemar Costa Neto (SP)
elogia a "competência" de Aldo
(Coordenação Política). No entanto, afirma: "Não será fácil para
ele, não. Se para o Zé Dirceu já era
difícil a operação política, imagine para ele. Se não tiver autonomia, vai pedir o boné".
A cúpula do PMDB, por exemplo, que anteontem se reuniu com
Aldo, já pediu um almoço com
Lula para a próxima semana porque deseja ouvir do próprio presidente como ficaram seus acertos
políticos. Dirceu deveria ter participado do encontro de anteontem, mas Lula ordenou que ele se
ausentasse e que se dedicasse
prioritariamente ao gerenciamento do governo.
Como Dirceu era o grande interlocutor do governo com o
PMDB, o partido que foi decisivo
para barrar CPIs no Congresso na
crise Waldomiro Diniz quer agora o pagamento da fatura.
A legenda cobra cargos federais
prometidos por Dirceu e deseja
resolver com Lula um compromisso acertado com o ministro da
Casa Civil e que deverá ser revisto
devido aos serviços prestados pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), durante a crise
do caso Waldomiro Diniz.
Dirceu havia prometido ao
atual líder do PMDB no Senado,
Renan Calheiros (AL), que o governo apoiaria a sua eleição para
presidente da Casa quando terminasse o mandato de Sarney, o que
acontece em fevereiro de 2005.
Mas a ação de Sarney na crise lhe
deu credenciais para tentar se reeleger por outro biênio.
Calheiros quer saber como fica
a sua situação, já que, ao lado de
Sarney e do ministro Eunício de
Oliveira (Comunicações), compõe a trinca peemedebista que
mais ajuda o governo. Nos bastidores, o líder do PMDB no Senado já avisou que deseja ter uma
posição do próprio Lula.
Aliados incrédulos
Com a condição de não ter os
nomes revelados, políticos do
PTB, do PP e até do PT disseram à
Folha que têm reservas em relação ao verdadeiro poder de fogo
(liberação de emenda e nomeações para cargos) de Aldo. Elogiaram o ministro, que já foi líder do
governo na Câmara e que é classificado por eles como "bonzinho",
mas afirmaram que também vão
querer checar os seus acertos diretamente com o presidente.
Para o PT, a indicação do deputado federal Professor Luizinho
(SP) para líder do governo na Câmara é uma forma de o partido ter
um canal direto com Lula e com o
próprio Dirceu.
Na reforma ministerial de janeiro, Lula tirou a articulação política da Casa Civil e criou a secretaria de Aldo. Lula bancou Aldo, do
PC do B, que não era o preferido
de Dirceu. Como o caso Waldomiro ainda não havia acontecido
e Dirceu ainda não havia se enfraquecido tanto, o governo esperava que os dois jogassem afinados.
Com o caso Waldomiro, Dirceu
mergulhou na articulação política, até para se preservar no posto.
Isso prejudicou o gerenciamento
do governo e levou Lula a afastá-lo da atividade, pelo menos temporariamente. O presidente quer
testar Aldo na função.
Waldomiro, ex-assessor de Dirceu, deixou o cargo que ocupava
após divulgação de vídeo de 2002
no qual ele aparece pedindo propina a um empresário de jogos.
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