São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

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MST invade quatro fazendas em SP, RS e BA

DA AGÊNCIA FOLHA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu ontem quatro fazendas, dando continuidade à "jornada de luta" iniciada em março -duas em SP, uma na BA e uma no RS.
A "jornada" é uma série de manifestações e invasões de fazendas que o MST pretende fazer pelo país até 17 de abril, quando lembrará os 19 sem-terra mortos em confronto com a PM em Eldorado do Carajás (PA), em 1996.
Com as quatro invasões de ontem, já são 25 as propriedades rurais invadidas desde 27 de março. O total vai a 29 considerando outras quatro invasões ocorridas antes, também em março.
São 14 invasões em PE, cinco em SP, duas no RJ, duas em MS, uma no ES, uma no PR, uma em MG, uma no RS e duas na BA.
No dia 27, em um encontro de movimentos sociais em Mato Grosso do Sul, o líder do MST João Pedro Stedile anunciou a onda de invasões e disse que abril "vai ser o mês vermelho" e que o movimento irá "infernizar". Anteontem, declarou ter sido "infeliz" ao usar o termo "infernizar".

BA, RS e SP
Cerca de 150 famílias de sem-terra ligados ao MST invadiram ontem a fazenda Caravela, de 1.200 ha, em Guaratinga (BA). Foi a primeira invasão no sul do Estado desde que, no dia 26, a coordenação estadual anunciou que fará na área, até o dia 17, o que chamou de "maior invasão do Brasil", com cerca de 3.000 famílias.
De acordo com Walmir Assunção, o principal líder do MST baiano, outras 30 propriedades já foram catalogadas e serão invadidas nos próximos dias.
O MST informou que encaminhou ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), no fim de 2003, documento solicitando a realização de vistoria na Caravela. Ontem, o encarregado da fazenda, João Carlos dos Santos, disse que os donos vão ingressar com uma ação na Justiça, nesta segunda, pedindo a saída imediata dos sem-terra.
Em Coqueiros do Sul (RS), o MST invadiu ontem a fazenda Guerra, de 7.000 ha. Os proprietários sustentam que a área é produtiva, o que não justificaria a invasão. O MST não se refere à produtividade ou não, alegando que o motivo da invasão é o fato de uma família apenas ser proprietária de uma terra de 7.000 ha. O Incra diz não ter dados atuais para defini-la como produtiva ou não.
Os sem-terra saíram dos municípios de Júlio de Castilhos e Palmeira das Missões no início da madrugada de ontem e bloquearam estradas para que sua passagem não fosse impedida. A Brigada Militar cercou o local.
Em São Paulo, o MST invadiu duas fazendas: em Andradina, 120 famílias entraram na fazenda Timboré, de 793 ha; em Suzanápolis, na fazenda Tapir (3.000 ha), 80 famílias fizeram a invasão.
Segundo Lourival Plácido de Paula, da coordenação estadual do MST, as duas fazendas já foram vistoriadas e decretadas áreas improdutivas em 2002. A Agência Folha não conseguiu localizar os proprietários.
(LUIZ FRANCISCO, LÉO GERCHMANN e JOSÉ EDUARDO RONDON)


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